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Monday, January 06, 2025

Vence o cinema

Tomara que um dos grandes lances da vitória avassaladora de Fernanda Torres no Globo de Ouro seja, sinceramente, a busca de parte dos brasileiros por sua própria arte. 

Longe de qualquer discurso nacionalesco - tou fora disso, ouço de Bezerra da Silva a Slayer -, sempre tive em mente que precisamos dar valor coletivamente ao nosso cinema, teatro, à musica, às nossas artes em geral. 

Temos uma infinita expressão artística de qualidade. No cinema, não há dúvidas: basta ver o Canal Brasil com algum tempo. Você vai ver filmes sensacionais de todas as épocas. No Rio, o movimento do Estação, liderado pela força da natureza que é o Cavi, tem formado novas gerações de cinéfilos marcando ponto diariamente. 

Viva o cinema do Brasil!

Sunday, January 05, 2025

Bosasova Bova - Zumbi do Mato

Em 2024, o Rio de Janeiro saiu da pasmaceira musical e soltou um verdadeiro rojão sonoro, daqueles típicos de avant-garde que a cidade foi especialista no passado. Tudo aconteceu com o lançamento de “Bosasova Bova”, álbum que marca a volta do Zumbi do Mato à cena musical depois de encerrar as atividades em 2013. Desde o retorno, a banda tem feito shows concorridos no cenário underground carioca e o novo álbum está disponível nas plataformas digitais.

Provavelmente a melhor maneira de descrever o som do Zumbi (mas nem de longe única) vem de seu próprio perfil na Wikipedia. Vejamos: 

“Zumbi do Mato é uma banda brasileira de rock experimental/noise rock do Rio de Janeiro famosa por suas canções bem-humoradas e surreais, escritas num estilo de fluxo de consciência e repletas de alusões mordazes à cultura popular – focando particularmente em aspectos como a literatura/filosofia ocidental, a vida cotidiana no Brasil, e figuras públicas da vida real e personagens fictícios de diversas formas de mídia –, technobabble, escatologia, nonsense, e elaborados jogos de palavras e trocadilhos. Tendo amealhado um forte séquito cult ao decorrer dos anos 1990 e 2000 que perdura até os dias atuais, o grupo teve diversas formações durante sua existência”. 

Quando o ZDM encerrou as atividades, disse o jornalista Silvio Essinger em artigo de Eduardo Rodrigues para O Globo: 

"Naqueles anos 1990, em que tudo o que uma banda do rock underground carioca poderia almejar de mais nobre era ser mais ultrajante que os seus pares, o Zumbi do Mato era uma banda ímpar. Não tinha guitarra, cultuava o lado maldito do rock progressivo (Van der Graaf Generator, King Crimson), interessava-se genuinamente pelo que a cultura tinha de mais trash e conseguia conciliar a escatologia (sempre desconcertante) com referências para lá de eruditas do avant-garde. Histórias bizarras de seus shows abundam - afinal, essa foi a banda que fez sua fama sendo uma não-banda, não-rock, não-MPB, não-vendável, não-qualquer coisa e, ao mesmo tempo, ligada em tudo. O Zumbi tocou no Garage, no Circo Voador, na livraria Berinjela, no Retiro dos Artistas... Merecia a Cidade das Artes, mas não houve tempo. Fica a poesia: Tiroteio do esqueleto sem cabeça / é um clássico da MPB brasileira / é a morfologização patética dos fonemas / é a p* que pariu te mandando ir se f*." 

Agora o Zumbi do Mato está de volta. Em “Bosasova Nova”, o grupo mostra no álbum a mesma potência que marcou sua trajetória no underground carioca. Os fãs, que sempre idolatraram a banda mesmo quando sua volta parecia impossível, vibram com os novos shows e, inevitavelmente, com a atmosfera musical desafiadora que marcou o Rio alternativo nos anos 1990 e 2000. Aliás, o Zumbi é 100% desafio em todas as perspectivas de sua obra, absolutamente atual. 

Não deixe de conferir canções como “Essa criança (ela vai ao shopping)”, “Miojo puro”, “Dor física” e “Frio do caralho”. A mão genial de Zé Felipe e a performance irreverente de Lois Lancaster trazem para novas (e velhas) gerações uma das sacadas musicais mais ricas, divertidas e criativas que o underground carioca já viu. 

Vida eterna ao Zumbi do Mato! 

Wednesday, January 01, 2025

04:13h

A doce ilusão da virada de ano já se dissipou e as coisas então voltam ao normal. 

Mais ou menos, melhor dizendo. 

Pra quem pode, o ano novo começa apenas na segunda-feira que vem. Mais quatro dias de descanso.

Já o proletariado, não: encara o batente daqui a pouco, em ônibus e trens abarrotados. A dura luta do povo pela sobrevivência. 

Na TV já tem telejornal. Ontem já teve tiroteio no São Carlos, Estácio. 

Ainda há tempo para um cochilo antes do café.

Difícil mesmo será amanhã: 18 anos da morte da minha mãe. 

@p.r.andel