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Thursday, July 31, 2014

UOL 171

Adriano Wilkson, vulgo repórter, assinou farsa em forma de matéria “jornalística” no portal UOL ontem, intitulando o Fluminense como “o rei do tapetão”. 


Através de posicionamento oficial, o clube solicitou a revisão do teor indevido do texto.

Em resposta, o editor do portal, Daniel Tozzi, respondeu que o Portal UOL, por ele representado, considerava o Fluminense como o “Rei do Tapetão”, mesmo ciente de que o clube não foi responsável pelos erros dos outros.

Não se pode deduzir outra coisa: em busca de audiência polêmica, o portal UOL pratica estelionato jornalístico.

Mais ainda: deturpa, ofende, afronta o Código Penal e, confiante na eterna impunidade, seu próprio gerenciador de conteúdo oferece uma resposta estapafúrdia, ignorante e desprovida de arcabouço histórico mínimo.

Traduzindo: o popular “171”, mitificado no cancioneiro de craques como Bezerra da Silva.

“Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”

É natural o comportamento manipulador na seção esportiva do UOL. Trata-se de questão de DNA.

Advindo das entranhas da Folha de São Paulo e depois batizado pelo grupo Abril, o UOL tornou-se uma espécie de Rede Globo da internet brasileira com todo o reacionarismo de sua tutela sanguínea, bastante legível na resposta ditatorial de Tozzi. O gigantismo da audiência então passou a ser confundido como chancela de tudo o que é ali divulgado. São coisas diferentes, muito diferentes.

O problema da manipulação midiática e de seus próceres está justamente na maldição que popularizou o estelionato jornalístico de muitos deles: a internet. O Fluminense é um dos times brasileiros que tem sua torcida mais atuante nas redes sociais, com diversos sites e blogs de opinião, todos a postos para rebater as distorções da informação que diariamente praticam. Todos com melhores redações do que a de Wilkson.

Em seu tamanho desastre no desalinho com a ética jornalística em se tratando de futebol, não é a toa que o UOL é a casa de Juca Kfouri, um dos mais notáveis caluniadores do Fluminense.

Toda essa camarilha merece muito mais do que notas oficiais ou mesmo o repúdio completo da torcida tricolor.

Hora do clube promover o que já deveria ter feito em 2013: ações judiciais.

@pauloandel

Tuesday, July 29, 2014

invisíveis?

Wednesday, July 23, 2014

os tempos

tempo: eles dizem tempo
enquanto fazemos nossas pequenas
estatísticas
o tempo da força, do calor, o trabalho
o tempo do sexo
a hora da paixão, o tempo de luta

esperamos o melhor de nossas vidas por conta do tempo
só as mães congelam o tempo: seus filhos serão

sempre os mais lindos e delicados bebês
tememos o tempo de sobrevida
trememos em pensar no tempo de exílio
o que dizer do tempo vivido, o que insistimos
em chamar de perdido?
a mocidade tem seu tempo e a maturidade não deixa por menos

os amigos perdem tempo quando brigam
as mulheres ganham tempo quando percebem quem lhes usa
de passatempo - os homens, talvez

os rancorosos e os egoístas deixam escorrer o tempo
apenas por vantagens materiais e falsos poderes em vão
nós dizemos tempo
eis o que mais precisamos
para o amor que demora: tempo
para o retorno do leito: tempo
por isso, vamos e voltamos, seguimos no tempo, mergulhamos na contramão

e fingimos ter a certeza de onde tudo vai parar
quando o tempo disser "fim": enquanto isso, vivemos
pequenos intervalos de alegria entre a dor, a tristeza e a solidão
somente o poeta tem a receita
de como matar o tempo
como matar o tempo
o tempo 


@pauloandel

festa de tati

quando você chegar
não vai ter céu cinza
nem tristeza e a luz
será mais do que réstia
quando você chegar
nenhuma lágrima
suplantará o sorriso
e toda satisfação terá
mais força do que
tensões e raiva e dor
quando você chegar
vamos pensar numa selva
um recanto, um beijo
e  velas acessas não serão
morte mas romance jantar -
o infinito vai ser pouco
a mansidão, um problema
o desejo, nenhum pecado
a solidão, noves fora nada


@pauloandel

Tuesday, July 22, 2014

admirável amor de front


estender as mãos e rezar
rezar sem fim com rigor
rezar pelos aflitos, os derrotados
erguer o pensamento
na direção dos mais sofridos
os perdidos, os desaparecidos
e chorar contra as injustiças
solidariedade para os mendigos
de olhar perdido e morte em vida
estender o sonho e acreditar:
a vida pode ser louca e profana
distorcida e surpreendente
o amor em palavras reticentes:
ainda existe réstia graças ao sol
ou fôlego que não termina
o amor num canto, as cores
desejar a solidão a dois corações siameses redivivos
ainda existe amor nas alamedas
calcadas vazias e a velha cidade: tolos, somos imortais

@pauloadel

Saturday, July 19, 2014

ata-me (embalos de sábado à noite)

todo dia santo dia
e a mente minha tão
profana ou puta:
o gosto das coxas nuas
num devaneio poético
- os seios, sulcos, intumescência:
- delicados delírios do prazer
o conto do teu dorso, nuca
o desejo do corpo todo em mel
e cada tesão será vela acesa
afinados cânticos de sacanagem
mas você não dorme aqui
você não faz questão de estar por aqui
- ata-me em teu peito à boca
- ata-me em teus segredos e vontade
o verdadeiro pecado mora na hipocrisia
de não viver o que se sente e sente
todo santo dia a minha saliva procura
o gosto ausente da tua carne crua
tua nudez de tez ingênua e puta
os versos ásperos que te chamam romance
todo profano dia o meu querer
é o querer-te!
ata-me em teus braços e colo nu
faça-me o contratador de teus suores
uma banheira de espuma para ser
nosso caldeirão de desejos ardentes!
ata-me ao teu querer de todo dia

@pauloandel

Sunday, July 13, 2014

o dia em que seremos todos inúteis

um dia seremos
todos
inúteis
e aplaudiremos
a pieguice
a hipocrisia
a indigência lógica
do que as grandes corporações
tentam nos impor
um dia seremos todos
alheios
às desigualdades
e acharemos normal
nossos semelhantes comendo
lixo
chegaremos à nossa perfeita inutilidade
jabor será um gênio
mainardi um proust
e a bichice de reinaldo será apoteose
vamos nos libertar de vez!
seremos inúteis assumidos
deixando os armários da indignação
será fácil dizermos: você viu na globo?
o dia da revolução imbecil chegará
mas ainda é cedo e longe:
enquanto isso
que os espíritos de porco contrariem
as ridículas normas dessa televisão
desses jornais mofados
jorge mautner tem muito mais a nos dizer
emicida e criolo tem muito mais a escrever
e o céu de madureira ainda vai ter seu cristo redentor
enquanto isso
vomitemos contra essa estupidez pasteurizada
que insistem em nos atirar

@pauloandel

(jorge cabeleira e o dia em que seremos todos inúteis)

a parte ridícula da imprensa esportiva


Oportunistas.

Levianos.

Prepotentes. Megalômanos.

Há quatro semanas, diziam e escreviam: o Brasil é favorito. Basta procurar no Google.

Fizeram do pobre Neymar, um senhor jogador mas ainda longe demais de Pelé, o paradigma do futebol interplanetário.

O Brasil era o favorito. Nenhum deles afirmou: "Saibam por que não ganharemos a Copa do Mundo". Nunca fariam isso. E se o filme queimasse? Tem que conduzir a coisa ao sabor das marés...

Aos poucos, deliciaram-se  com os holandeses treinando na praia de Ipanema e com os fraternos alemães em Cabrália. Aquilo sim era trabalho. O que teriam dito de a Seleção Brasileira fosse a protagonista de tais fatos?

Felipão, com sua tradicional grosseria - aliás, a mesma que o alçou ao posto de pai da Família Scolari em 2002, com todo o noticiário à disposição - mandou-os para o inferno. Veio a conta: a Seleção execrada dia após dia até o (justo) massacre alemão, ideal para que os jornalistas de má-fé enganassem leitores trouxas: "Viram? A gente avisou."

Em geral, repetem sempre os mesmos termos. É mais fácil. Trabalho. Legado. Gestão. Estrutura.

ODEIAM os blogueiros que escrevem de forma independente sobre futebol. "Maldita internet que deixa essa gentinha escrever à vontade e nos criticar. Tá pensando o quê? EU SOU JORNALISTA!" (leia-se vergonha porque vários biólogos, estatísticos, engenheiros, açougueiros, secundaristas e mais escrevem de maneira mais clara, direta, poética e profunda sobre futebol).

Senhores da razão, não podem ser contrariados.

Aplaudem o excelente trabalho de Joachim Low à frente da Alemanha. Mas apenas por cinismo hipócrita. Low jamais teria chance de comandar o futebol do Brasil por oito anos, sem ganhar títulos e com essa gente nas redações e estúdios. Ninguém teria. Salvo Dunga, treinador da Seleção Brasileira começa no fim da Copa anterior e vai até as Olimpíadas. Perdeu, rua, vem outro, o que é ridículo, mas amplamente chancelado por grande parte da imprensa esportiva brasileira. Aos boquirrotos que gritam na televisão clamando por nomes, as imagens e manchetes falam por si só. Basta procurar no Google e no YouTube.

São os mesmos que exigem a moralização do futebol brasileiro, mas que se calaram ou fizeram piada da pilantragem ocorrida ano passado, popularmente conhecida como "Flamenguesa" (a maior coincidência da história do futebol brasileiro). Lembra a velha frase (editada) de Rubens Ricúpero: "O que é bom a gente mostra; o que é ruim, esconde".

Voltando a falar de Dunga, por sinal alguém por quem não tenho qualquer simpatia afora a carreira de jogador. Lembram dele massacrado em 1990, humilhado e depois aclamado com a Copa do Mundo nas mãos em 1994? Enquanto não questionou a emissora que transmite os jogos, paz; ao fazê-lo, sua vida na África do Sul virou um inferno.

Eles condenaram o futebol-arte de Telê em 1982 para aclamá-lo de volta em 1985, extirpando Evaristo depois de SEIS partidas. E depois, fizeram de Telê o "pé-frio" nas manchetes em 1986, como se ele é que tivesse batido o pênalti.

E falando em pênalti, vem aí mais uma de suas jogadas: o que leva parte da imprensa esportiva a deixar de lado os campeões mundiais de 1970 ainda vivos, os de 1994 e os de 2002, gente que foi lá e venceu, para enaltecer a cada dia, tarde e noite as impressões de Zico? No mínimo, um equívoco de hierarquia se o assunto é Seleção Brasileira. Ou há algo por trás disso?

Logo mais, tem Argentina x Alemanha na decisão do mundial. Uma vitória dos vizinhos colocará as manchetes em xeque: será possível elogiar o "trabalho" e a "estrutura" de um futebol forte e tradicional, mas que passa por uma colossal crise econômica? E se os alemães perderem, as loas feitas ao planejamento alemão irão para o ralo?

Preciso falar da leviandade Fla-Alemanha x Vasco-Argentina?

Alguns destes que se pretendem formadores de opinião estão aí desde os anos 60 e 70. E chamam Parreira e Scolari de ultrapassados. Por coincidência, os últimos treinadores a ganharem a Copa pelo Brasil. Não há dúvidas de que o tempo passou e que títulos no futebol não são aval para a eternidade profissional. Mas quem acompanha o discurso de parte dessa imprensa tem dificuldades de encadeá-lo por meio da lógica.

Os 3 x 0 da Holanda ontem atestam a necessidade de reformulação do futebol brasileiro. Dentro de campo, à beira dele, nas salas de reuniões e, claro, na parte mofada, oportunista e galhofeira da imprensa esportiva, manipuladora dos fatos de acordo com os interesses do patronato. 

Ah, a culpa do fracasso da Seleção era do Fred. Queriam o Brocador. Claro que o hexa não viria, mas pelo menos o jabá estava assegurado.

Aí sim seriam manchetes em cheque.

OBS: é claro que há jornalistas esportivos admiráveis e sérios. Conheço vários. Apenas não constituem maioria.

@pauloandel

Thursday, July 10, 2014

posto

e você que foi
embora
sem deixar rastro
nem sina
onde se namora tua alma?
onde mora tua poesia?
e você
que prefere distância
frieza
assepsia
onde embarcas em viagem?
que sol será teu?
e toda minha tristeza
fenece em copacabana
meu combustível
é a copacabana
quem espera?
um dia se engana
e vê o vazio cinza
em tom de teimosia

@pauloandel

a imprensa esportiva esquizofrênica

Hoje, a coletiva de Neymar causou comoção. Não há duvidas da maturidade do jovem jogador, muito ponderado em suas colocações. Mas se você só refletir por meio de jornais e programas de TV, terá a impressão de que ele fez uma Copa perfeita, deu todos os passes e foi infalível, o que é uma mentira grosseira. A estúpida joelhada que recebeu de Zuniga foi o álibi perfeito para suas atuações opacas contra Chile e Colômbia (antes de ser quebrado, claro).

Curioso, mas nem tanto, foi o uso dessa mesma coletiva para que naturalmente se desancasse internet e jornais afora os nomes de Luiz Felipe Scolari, Carlos Alberto Parreira, a cúpula da CBF e o raio que o parta. Berros de jornalistas, acusações de incompetência, afirmações de envolvimento com a ditadura 64, vociferações, tudo o que se pode imaginar para uma "verdadeira revolução no futebol brasileiro".

O comando político da CBF é abominável, lógico. Mas convém o bom senso de separar o joio do trigo.

Ok, ninguém pode achar normal a maneira como a Seleção foi trucidada pela Alemanha. Depois do segundo gol, faltou um veterano em campo que esfriasse a coisa. Deu no que deu.

Não morro de amores por Scolari. Nunca morri. Não gostava de suas instruções para quebrar jogadores, o jeito chucro nas declarações e outras coisas. Há muito tempo não vinha de boas jornadas. Mas justiça seja feita: tem currículo, é vitorioso e iniciou a atual jornada depois que Mano Menezes fracassou nos Jogos Olímpicos. Ali, era o mito da Família campeã em 2002 vencendo todos os jogos. A grande imprensa apoiou. Na jornada anterior, pegou o Brasil em frangalhos nas eliminatórias e chegou ao penta. É o treinador com mais vitórias em Copas do Mundo na história da Seleção Brasileira. E ainda levou o eterno azarão Portugal ao terceiro lugar de 2006. Não morro de amores por ele, mas não me permito ser idiota a ponto de renegar sua carreira.

Veio a Copa das Confederações, o Brasil emplacou, foi campeão, diziam de uma Família II.

Então o Brasil começou a Copa 2014 com dificuldades, assim como outras seleções, e se classificou. Todos diziam que o Chile seria  dos adversários mais difíceis de se enfrentar na Copa. E foi mesmo.

A Colômbia vinha jogando o fino com o craque James Rodríguez. Barra pesada. Diziam que não ia dar. Fizemos nossa melhor partida e passamos. Estávamos longe do brilho, mas parecia que decolaríamos.

Então veio a Alemanha e nos fuzilou piedosamente em dez minutos. Fez conosco o que não tinha conseguido contra Gana, Argélia, Estados Unidos e França. Goleou Portugal na estreia, o que não dá cartaz a ninguém.

Longe de tirar o mérito do colossal talento alemão, inquestionável, quero apenas dizer que os 7 x 1 foram atípicos até mesmo para quem tem oito anos de planejamento, tempo de Joachim Low à frente da esquadra germânica - terá doze com a renovação já feita antes da final. Eles se surpreenderam com o que aconteceu.

Scolari errou e ajudou a fornecer dados para a tragédia do Mineirão. Mas se tivesse perdido por 1 x 0, também seria escorraçado - no caso, a histórica goleada é apenas um agravante. Parte da imprensa esportiva do Brasil é conduzida por um marco de seus patrões: a derrota (ou perda econômica) é inaceitável. Perdeu, masmorra. Medieval mesmo.

Pausa para Parreira. Um dos únicos brasileiros bicampeões mundiais no futebol brasileiro (1970/1994), é o recordista de comando de seleções nas Copas. Campeão no Brasil por Fluminense, Inter e Corinthians. Um dos mais experientes profissionais vivos da história das Copas do Mundo. Virou um "ultrapassado que serviu à ditadura". Mas todos os que serviram à Seleção Brasileira entre 1966 e 1982 estiveram perto - involuntariamente ou não - daquele abominável momento político, salvo honrosas exceções como João Saldanha, Paulo Cezar Caju e Sócrates, sempre marcando posição. E o resto, é lixo?

Joachim Low tem a sorte de ser alemão. Jamais conseguiria trabalhar na Seleção Brasileira por oito anos sem conquistar títulos, esperando por um longo prazo até os frutos. Ao primeiro ano e meio, o primeiro fracasso e seria tachado de incapaz, fraco ou essas novas besteiras como "perdeu o vestiário".

Chega a ser fácil prever a opinião jornalística predominante, caso o excelente trabalho do treinador alemão fique pelo caminho diante de genialidade de dez minutos de um Messi, por exemplo, hipótese plausível.

E também fácil uma conclusão: a renovação do futebol brasileiro, tão ansiada e necessária, não pode ter como base os arroubos de uma imprensa esportiva esquizofrênica, oportunista, covarde e hipócrita - ela exige o que é incapaz de praticar. Liste o nome dos grandes formadores de opinião do ramo: estão aí desde os tempos de Médici; crucificaram Zagalo, Telê, Lazaroni; apedrejaram Evaristo com SEIS jogos em 1985. Cláudio Coutinho - militar nos tempos da ditadura e também campeão em 1970 -, falecido precocemente após um terrível acidente submarino, escapou do linchamento. Ah, e vários senhores da verdade jornalística trabalharam para veículos de comunicação ligados à ditadura. Nada como o vil metal a dobrar convicções. 

O sucessor de Luiz Felipe já tem pesadelos ao se esquivar das pedradas.

Os covardes não esperam.

@pauloandel

Tuesday, July 08, 2014

like an alien


hey, i am walking
like an alien
crossing the strange squares
rolling over the streets
looking for my love
the real and absolute country
my motherland that flies
with a sweetness of the unknown


hei, eu vou caminhando
como um estrangeiro
cruzando as esquinas estranhas
flanando pelas ruas
procurando o meu amor
o absoluto e real país
minha terra natal que voa
com a doçura do desconhecido


@pauloandel

Saturday, July 05, 2014

numa fotografia

te vi
outro dia numa foto
antiga
pensei
nas canções que te fiz
e ficaram
perdidas
sonhei
com você do meu lado
na noite do Leme
mas a praia de inverno
já não te sugere
talvez
numa outra estação
o carinho renasça
empecilhos e trilhas
não sejam ameaça
e o pôr do sol em paz
seja então nosso
bem
te vi
num quarto crescente do meu
coração
e pensei de você estar
aqui:
ilusão à toa
alegria um dia

@pauloandel

simples como fogo


tão importante
você
tão importante
em si
numa imponência
fugaz
fazendo pouco caso
desdenhando meus versos
minimizando as cores
do teu rosto que pintei à janela
(cheio de escolhas e caminhos)
foi aos poucos
sendo menos você do que devia

a hora passou
o brilho mofou
a nossa brincadeira
empoeirou
e agora
não há mais hora nem espaço:
o trono foi teu deboche
então alguém sentou
e sugere a vontade
de não ter vontade
para desocupar
o bendito lugar - simples como
fogo - se provocado
queima

@pauloandel

Thursday, July 03, 2014

romance caos



vi no céu teu olhar
tua tez, teu encanto
mas senti calafrio:
onde mora que não seja
no ventre do meu pensar?
o longe, o longe, desalento
o cais sem navio
amor de um, noves fora
nada, nada
nada: romance e caos

@pauloandel