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Wednesday, February 27, 2013

Racionais MC's - Marighella




"enquanto isso
na enfermaria
todos os doentes 
estão cantando
sucessos populares" 

(R. Russo)

 


 @pauloandel

Monday, February 25, 2013

A 'libertária" e o "traidor"


@pauloandel

Thursday, February 21, 2013

Sobre o assassinato do menino boliviano




A morte do menino

Impressionante que a passionalidade possa levar a uma tragédia como a do garoto assassinado ontem na partida San Jose x Corinthians.

Futebol deveria ser festa, confraternização e disputa.

O adversário não é inimigo.

Já temos problemas demais no mundo para que o futebol seja palco de morte. Estupros de vulneráveis em territórios controlados pelo crime. Guerras sujas e cínicas. Trabalho escravo. Outras explorações da população infantil.

Há quem vá dizer que esse é um problema do mundo inteiro. Concordar é possível.

Porém, o fato de acontecer em vários lugares não significa vista grossa ou tolerância a qualquer crime que seja.

Passam os anos e o futebol, essa maravilhosa diversão que, um dia, foi a razão de ser do Brasil, regularmente preenche as páginas policiais dos jornais.

Mata-se e morre-se por um ódio estúpido, uma ignorância sem sentido, verdadeira expressão da irracionalidade.

A vida humana não tem preço nem reparação. A vida de um jovem, com todo o futuro pela frente.

Ontem, o meu Fluminense levou uma sonora - e merecida – sapatada do Grêmio. Mas mesmo que sucedesse o contrário, eu não teria a menor condição de comemorar nada. A morte do menino, num momento que deveria ser de diversão e alegria, é um luto que jamais cerrará portas.

Frequento arquibancadas desde os nove anos de idade. Fui criado vendo todos os jogos do meu time e, em muitas ocasiões, simplesmente indo ao Maracanã ver jogos de outros times pela alegria em acompanhar uma partida de futebol. Hoje, isso é impossível.

Até quando assistiremos a estas manifestações tão irracionais?

A vida humana é o bem mais precioso. Está muito acima de qualquer partida de futebol. Muito acima de qualquer coisa. O respeito à vida, ao próximo. Futebol não é guerra: não sejamos imbecis.

Em momentos como este, em assassinatos assim, causa-me uma enorme tristeza em ter nascido humano. Melhor dizendo: vergonha.

Os ditos animais irracionais têm instintos melhores.


Em memória de Kevin Douglas Beltrán Espada, 14 anos, assassinado cruelmente ontem em Oruco, Bolívia.

@pauloandel

Thursday, February 14, 2013

Goodbye blue sky

Pink Floyd, 1979




A sede




"Na hora da sede você pensa em mim/ Lá, Laiá/ Pois eu sou seu copo d'água/ Sou eu quem mata a sua sede/ E dá alívio a sua mágoa"
Luiz Américo


Voltava para casa na quarta-feira de Cinzas, o cheiro de rua triste, dejetos por coletar, o vazio de gente, o asfalto sem carros e motores, um calor infernal.

E sentia dores nas costas, no joelho, esse estranho e fascinante processo que é o envelhecimento.

Não ser mais como antigamente, passar a administrar lesões, dores permanentes, nenhuma delas maior do que as que se sente na alma por conta da ruindade inequívoca que o ser humano médio exerce diariamente pela atmosfera.

Subia a rua Henrique Valadares, nenhuma banca de jornais aberta, nenhum bar disponível. Rumo ao lar, tentar descansar, esquecer as injustiças, a escrotidão e a falsidade que são, infelizmente, marcas do nosso tempo moderno.

Então vi de longe um morador de rua. Um sofrido. Um mendigo. Pouco me importa que seja o “vagabundo que não quer nada”, tão decantado pelas respeitáveis pessoas que se travestem de transeuntes bípedes. Sempre falo dos mendigos. Eles são a medida exata do fracasso da nossa sociedade, que respira mil religiões e empurra esse legado de miséria na conta-corrente de Deus (ou, para quem preferir, na modesta prestação mensal do novo helicóptero do “homem de Deus”).

De longe, o mendigo se abaixava e levantava. Parecia aflito. Seus gestos não denotavam o uso de entorpecentes como crack, até naturais se pensarmos a dor que essas pessoas carregam 24 horas em seus não-teto, não-casa, não-comida, não-roupa, tudo enquanto algum imbecil engravatado sorrirá ao saber que “existe gente assim, pois não se preparou”.

De longe, sem poder correr com dores e o suficiente para que algum grito fizesse efeito, andei mais rapidamente para saber o que poderia fazer para ajudá-lo. Em vão: ele andava mais rápido do que a minha saúde permite (atentado por minha ex-namorada que me considera um velho inútil em suas palavras estupidificadas).

Persisti por cem, duzentos metros. Ele era bem mais rápido: a dor das ruas exige-lhe agilidade que não tenho mais, uma pena.

Abaixou-se uma, duas, três cinco vezes, aflito. Não procurava comida. Mais à frente, ainda sob minha vista, voou numa lata de lixo e pegou um pequeno copo azulado.

Um copo de água. Um gole. Um resto.

A aflição do mendigo não era “pedir para beber cachaça” ou para “vagabundear”.

Era sede. 

Estava morrendo de sede.

No coração de uma grande capital, berço do mundo contemporâneo, somando forças diariamente para ganhar os corações do mundo (e seus generosos investimentos), um sem-casa podia estar simplesmente em desespero de sede. Morrendo de sede, agoniado, desesperado.

Quando percebi o que era, apressei ainda mais meu passo limitado, inutilmente: o desespero dele era muito maior do que a minha condição de ajudá-lo. E passou correndo pela Cruz Vermelha, disparou, continuou se abaixando e esgueirando em busca de um reles copo de água.

Ninguém tem tempo para prestar atenção nisso.

É carnaval.

A culpa é da Dilma. Do Lula. Do Obama. É mais fácil a sociedade apontar um ou mais culpados do que encarar a própria escrotidão no espelho.

O mendigo correu na direção do que pode ser o túnel do Catumbi.

Minutos mais tarde, banho tomado, remédio na coluna, lembrei novamente como sou um privilegiado nesse mundo de merda: tenho emprego, salário, alguma saúde, alguma instrução.

Pensei em minha mãe, chorei e fui infeliz para sempre. Poucas coisas são piores do que ser adulto e, finalmente, compreender o esplendor da indiferença humana. Uma pessoa pode estar morrendo de sede no centro do Rio de janeiro.

Os imbecis têm a sentença pronta: “E daí?”

Para Ivan Lessa,

@pauloandel


Wednesday, February 13, 2013

Pink Floyd

Run like hell?








@pauloandel






Friday, February 08, 2013

Somos um lixo?

Não pense que é um distrito de um desassistido município.

É Carnaval 2013 no Rio, a Cidade Olímpica.

Sexta-feira, dia 08 de fevereiro.

Todos juntos vamos, pra frente Brasil!

Esquina de rua do Senado com 20 de Abril, coração carioca, a menos de 800 da capital mundial do samba - o Sambódromo. A menos de 100 metros do Hospital Souza Aguiar, o maior plantão da América Latina. A menos do novíssimo prédio comercial que será utilizado pela Petrobras.

As pessoas não podem passar nesta calçada há mais de DEZ dias. E esse é um fato que acontece regularmente na região há anos.

Somos um lixo:?

Quem é que vai pagar por isso? 

A folia já começou.







Carná

Tem carnaval.

Dia 15 eu volto.


Tuesday, February 05, 2013

A camisa






ah, se você soubesse
quando meu amor te fita
nenhum teto nos bastaria
depois do céu e das
estrelas a servir de pérolas
do colar que te ofereci
ah, deusa da ribalta às
esmeraldas, musa à dança
em cem passos fugazes
colombina de mil
fantasias, pétala desfolhada
ao redor do meu
coração – a tua cor
de sangue nobre
e vivo sem vermelho
é o meu grito na multidão –
dois, somos muitos – eu e você
a terra lá fora
duas mil léguas submarinas
e toda a via láctea, densa
carinhosa
ah, se você soubesse
da minha prosa
veria que nada é bastante
quando te cogito ao amor -
a tua pele é a minha pele
num suor somente – em ti
navego até gritarmos
incontidos com razão:
houve um dever cumprido
ah, imensidão
quando você se faz
longe de mim
todo abstrato é lamento:
nem linhas retas ou
tortas -
é que não sei desenhar
a
saudade

Poema escrito durante a audição de “The Bends”, Radiohead, 1995, EMI-Parlophone, 04/01/2013

@pauloandel

Monday, February 04, 2013

Vovó da Cruz Vermelha (marchinha)


VOVÓ DA CRUZ VERMELHA


Vovó/ Vovó/ da Cruz Vermelha é uma só/ vovó é malandra/ e vai pro pagode/ confunde a gatinha/ com rapaz de bigode/ vovó apressada/ passa rapidinho/ ao lado vem o neto/ o afilhado e o sobrinho.