Peguei um biscoito para lanchar e do nada me lembrei dos meus velhos tempos no campo, já muito distantes. Nossas refeições eram baratas e pequenas, de modo que no campo ter um lanche é um verdadeiro luxo.
Às vezes à noite nos juntávamos nos acampamentos para conversar, olhar o céu, falar das garotas que amávamos e também rir um pouco. Foram momentos especiais que se repetiram muitas vezes - até hoje não sei dizer como conseguíamos acampar tanto em tempos de inflação e pobreza agudas. O grupo se juntava, todos se cotizavam e todo mundo ia. Nunca vi uma criança deixar de ir aos acampamentos escoteiros por falta de dinheiro.
Com o tempo, as noites no campo me trouxeram para o aquário natal. A praia de Copacabana, onde sempre joguei bola na juventude, também virou um ponto de referência da noite. Ficar na areia vendo o ir e vir do Atlântico Sul. Hoje fica difícil fazer por causa da segurança, mas era maravilhoso.
Acho que minha admiração pela atmosfera da noite veio dali. Apreciar o silêncio, o horizonte mudo e misterioso. Pensar. Refletir. É o que mais tenho feito desde que a idade me proibiu de ser criança. Campo, talvez nunca mais, mas o silêncio na janela de uma casa ou no centro de uma cidade do interior possam ser equivalentes. Há tempos não faço isso. É importante fazer.
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