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Wednesday, November 30, 2016

o vago, o vazio

no fim há um vazio
um vago
repleto de silêncios barulhentos
perturbadores

um vazio, uma dor
a melancolia
e olhar em busca do que desaconteceu

procurar o que já não há

um vazio, um silêncio
um minuto de réquiem

um sentimento de "e se?"

não, não há. não há.

existe a solidão no meio da multidão
e o contrário ao se ver tão só

mas o vazio é o punhal cravado na alma

o vazio

o vazio

vazio

no fim há um vazio
um vago

não resta o ódio, nem a paixão
nenhum conforto, nada

os melhores versos, as mais belas palavras
não dizem absolutamente nada

enquanto se caminha pela trilha
na mata ilógica chamada vida

@pauloandel

Wednesday, November 23, 2016

noturno copacabana 1993






Friday, November 11, 2016

minha amiga, meu amor

minha amiga, a quem sempre amei
desde que conversávamos pelos silêncios
e reticências
enquanto sonhávamos com noites de luar e pequenas sacanagens
fraternais sem dúvida
- amar não é pecado

meu coração está em chamas e arde
eu tenho o amor e a solidão
com a multidão à meu lado
e vejo o teu rosto nas pessoas
que passam tão apressadas
pela rua principal da grande cidade
que nos abraça

minha amiga, meu amor, nossa fé
nos mundos que não nos reúnem
nos fogos de conselho que não se apagam
e a alvorada que também liberta
eu vejo teu rosto lindo, sereno e triste
enquanto me deparo com a miséria humana
das empobrecidas esquinas

eu vejo tuas mãos delicadas, teu dorso, teus seios, e navego em promessas
de pecados nos quais desacredito
ainda que a juventude não me pertença

minha amiga, heroína, agora longe
para sempre viva e linda, saborosa
hei de ouvir tua voz de licores e mel
ou de sonhar com tua presença em mim
o amor é uma trilha interminável
enquanto sóis e sóis nos banham
e trazem calores, desejos e felicidade
pois somos os versos de nossos próprios poemas

o meu peito que bate e dói, uma canção
um mundo lá fora e este vazio
enquanto te procuro em lembranças
e pequeninos momentos felizes:
sóis e sóis nos devem uma pátria
enquanto te vejo e tanto amo

minha amiga, minha tradição
eu sou o sopro de um coração
nas mãos
e desejo que tenhas um abraço
um abraço encarnado e quente
do tamanho do meu amor

enquanto o sonho não avança
vamos sobrevivendo e cantando
lutando contra os problemas populares
lutando contra os problemas populares

@pauloandel

em memória de Leonard Cohen