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Thursday, July 18, 2013

Mantras urbanos



não existe amor em julho

longe, longe
eu sou tão longe
bem longe
do que gostaria
mas ainda e bom
tem algo de doce
rascante e bom

do meu lado
não está
quem eu tanto queria
mas ainda ha um bom
uma réstia opaca
de sonho bom

e muitos outros sonhos
dormem para sempre:
cortes, marcas, talhos
terrores ao ventre
mas ainda assim e bom

o mundo e um instante
uma virgula e um porém
mortos-vivos comemoram
nas grandes corporações -
meu amor não dorme
e nem me sonha mas ri
mesmo que seja a toa -
sou tão estrangeiro
numa terra de ninguém
mas persigo a esmola
do que ainda e bom

ainda quero ver Deus antes do fim
ainda quero ver Deus antes do fim
antes dos garotos rirem abraçados
de volta a uma velha casa de cinza
antes de qualquer pátria mofada

não existe amor em julho
a vida é um sopro, um predicado
feito a dança firme duma bailarina
esbelta e linda em seu melhor voo
o voo flamejante de uma linda mulher
uma criança à mansa, apaixonante
e seus delicados olhos de ágata

fazendo da balada um blues
e o Rio acorda em cor de gris
enquanto a beleza de Monte
grita e pula por um bis - e tris!


não existe amor em julho
mas velhos camaradas riem
do caos exposto e rico
numa távola quadrada
e isso parece algo bom

estou longe de casa
sou conversa de taverna
alguma coisa acontece
em meu distante coração
quando vê ao norte
uma garota num trem da central
uma bandeira de amor
um carnaval em febre total
para acender em meu peito
agora a gare fechou
o povo dormiu mas não sonhou -
não existe amor em julho! -
mas estupidamente
acerto os passos que nascem

eu acredito na próxima parada
na próxima esquina
e qualquer sentimento trocado
que me ofereça um punhado
minuto a minuto onde se erga
qualquer momento bom

as crianças estão bem crescidas
o hall de espera e uma festa
então desacontecemos:
somos felizes demais num segundo
e não existe amor em julho
não existe amor em julho
não existe amor 
em 
julho

Sobre as obras de Criolo, Marina Lima e Oscar Niemeyer

pra marina, fernanda, flavão, max, nelsim, fábio, ana paula, zeh e meu avatar predileto


o avatar do avatar


você mil vezes
e meu coração que sangra
minha desconhecida
eu queria tirar teu véu
em mil e uma noites
na arábia de Copacabana

você mil vezes
e meus olhos te perseguem
sem rumo discreto
desesperados

eu não sei dizer do meu amor
o que choro não é pecado
somos desconhecidos demais
e alguma coisa estranha
me faz perseguir teu olhar
duas mil e quinhentas noites

eu não sou teu avatar
nenhum androide à tela
faço minha religião inútil
enquanto versos rasos rugem
numa canção do teu amor
numa canção do teu amor -
eu sou carne viva e te venero

eu sou um mantra urbano
e te namoro ao longe, longe
feito uma outra canção -
não traio meus pactos, não

mas acontece que eu não sei dizer
quando você é minha contramão -
o avatar do avatar é a verdade
é a mais perfeita sedução

fernanda II

ninguém se permite
ser muito triste
quando tem a fé
na tua companhia -
o pecado é apenas
de quem não te vê
a nossa turma aplaude
o que você participa
rimos, choramos, vivemos
nossa melhor ironia



@pauloandel

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