Translate

Wednesday, September 11, 2013

Xuru (1970-2005)

Meu querido amigo Russ, como andam as coisas?

Espero que bem, em algum lugar que não sei dizer.

Aqui, uma confusão enorme. Tenho sentido algumas dores, nem todas as pessoas são como parecem ser, outras coisas vão bem demais. Acho que estou triste, mas também feliz. As confusões de sempre, você deve imaginar.

E Dona Delfina?

Tem falado com Dona Luzia? Meus pais?

Ontem, exatamente ontem, segui uma das tuas lições à risca. Confesso que ri, mas não deveria. Talvez tenha rido mais por lembrar de ti do que pelo rol de atos em si. Mas foi divertido. Uma noite de Xuru num bar com direito a sete anos de vinganças. Talvez você se lembre da história. O final não foi feliz mas o império contra-atacou como nunca. 

E o Vascão? Mais ou menos, não é?

A corja nunca deixa de falar do teu carro inesgotável, levianamente – ou não – apelidado de travecomóvel. Sempre o mesmo caso, quem mandou você não confessar nada?

E o Fred, alguma notícia? João Carlos? Macedo? É tudo verdade?

Bom, andei escrevendo alguns livros de futebol e queria que você soubesse que escrevi um outro, de contos, onde você é o personagem principal. Nada de palavrões: apenas a verdade ipsis literis. Mas acontece que não gostei do resultado final e ele será reescrito até o primeiro semestre do ano que vem, assim espero. E vou contar praticamente tudo, ficção e realidade beijando-se na boca sem parar.

Estranho hoje não ser um dia de dor. Onze de setembro. 

Quando voltei de São Paulo e você tinha ido embora para sempre, é certo que eu chorei.

Mas depois destes oito anos, parece que você sempre esteve aqui. Não sei dizer ao certo se é apenas confusão mental ou se tem algum sentido lógico, justo na minha vida que já tem confusão mental demais.

Parece até que não mudou quase nada, exceto que nunca mais bebemos chopes intermináveis no Sasso, o carro nunca mais passou pela Atlântica zero hora e eu nunca mais fui ao Siri da Ilha. Volta olímpica de Santo André, nem pensar. 

A Pepsi está bem, encontrei-a outro dia com Wal, Epo, Ana, Chris Nunes, Lys, todo mundo perto da Praça da Bandeira. Você iria gostar.

A Barbarazinha lembrou do troncomóvel. De vez em quando vejo o Bernardão. Leilah comentou da tua vibe. Moraes é a mesma coisa. 

Enfim, se é que faz algum sentido nisso tudo, quando puder mande um sinal de fumaça.

Ou uma risadinha.

No mais? Somos todos rameiros!

P-R


@pauloandel


Rubens Nunes Carvalho (29/12/1970 - 11/09/2005)

1 comment:

Leilah Maria said...

O sanduíche do Cervantes, na boca da madrugada, também não tem mais o mesmo charme...