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Friday, December 22, 2006

A última canção

Não te espantes com o fim das luzes, dos dias
Somos todos repletos de silêncio nos espaços
Até o dia em que este mesmo calado é maior
E sobrepuja todo e qualquer milhar de palavras
Exatamente feito agora
É o silêncio que te serve de voz ao pé do ouvido
Adornado pelo brinco de argola olímpica, prata
É o silêncio que será teu mar de mim
Lembre-se por sempres daquela velha canção
Pois será minha última tua, nunca mais outra vez
Não atravessei doze mares dos Açores à toa
Menos ainda abandonei os poemas do Atlântico
Por conta de qualquer disparate barato
Fiz por convicção dedicada e duradoura, sofrida
Não chegastes aos pés de Copacabana ou Tatiana
Não fostes dourada feito os cachos de Luciene
Todas passaram, deixaram terra pelo mar bravio
Mas guardaram em mim sementes de doçura
Que trazem frutos e flores, de carinho e lembrança
Enquanto tu fizestes questão de rasgar teus versos
A ti, só cabe o silêncio dos memoriais e féretros
O silêncio de última estrofe da tua derradeira canção


Paulo Roberto Andel, 21 de dezembro de 2006

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