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Tuesday, October 10, 2006

Para os pequenos caixeiros viajantes

Os garotos sonham acordados
Trazem suas caixas de madeira
Escovas, flanelas
Latas de graxa
Cruzam as grandes capitas
Com seus pés de chinelos
Curvam-se aos senhores
Feudais
E ganham sobrevida sofrida
Arregalam
Os olhos esperançosos
Sem devidos óculos
Perante a cena da televisão
Na loja de departamentos
Da Rua Uruguaiana
Eles não frequentam shoppings
Também não ouvem Jamie Cullum
Ganham camisetas de candidatos
Suplicam passagem ao trocador
Tudo pelas suas convicções
Tudo para não namorar crime
E a ele morrerem abraçados no fim
Tudo pelas mães, vivas, mortas
Os garotos lutam sem armas
No meio da guerra, sem trincheira
Perto do fogo, plena selva
Fome, frio, miséria a granel
O que pedem é tão pequeno
Querem ser humanos, brasileiros



Paulo Roberto Andel, 09/10/2006

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