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Friday, October 27, 2006

O fim do fim da linha

Eu comecei caminhada
E não pude mais parar
Persegui mapas mudos
Rabisquei traços, trilhas
Passaram-se mil léguas
Arredores foram longe
Todos os tudos longe
Quando olhei para trás
Era uma estrada, farta
Recheada de percalços
Tive as bolhas nos pés
Sede, suores, cansaço
A fome, senhor, fome
Atacou-me em bandos
Noites de frio, relentos
Dias sem sombra, sóis
Para minha voz, silêncio
Companhia era solidão
Sem importar exércitos
Subitamente, firmei-me
Era o final duma estrada
Encerrada uma jornada
Não esperava medalhas
Cumprimentos, brindes
Nenhum tapa nas costas
Somente missão cumprida
Fiz juramento em palavras
Restou meia volta, volver
Reparei estar equivocado
Veio uma tal nova ordem
Mandaram-me de volta
A estrada cerrava portas
Mas o mundo continuava
Missões, novas missões
Noutros prolongamentos
Peguei papel e prancheta
Risquei novos percursos
O fim da linha parecia lenda
Ledo engano ocasional
Todo fim é mero recomeço
A linha passa longe do fim
Segue solta, desconhecida
Destemida para a eternidade


Paulo Roberto Andel, 27/10/2006

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