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Wednesday, February 05, 2025

Tarde com Judas

A tarde calorenta para danar, mas uma compensação: passa Judas Priest na TV, um show de 15 anos atrás mais ou menos.

Inevitavelmente, lembro de meu saudoso amigo Fred e todas as aventuras em que a gente se metia para conseguir discos ou mesmo gravar uma fita cassete com sons que gostávamos de ouvir. 

O Judas Priest sempre foi uma potência. É uma das maiores bandas de todos os tempos e um dos gigantes do heavy metal. Engraçado, quando a gente era garoto eu lembro certa vez: estávamos numa loja onde o Fred foi comprar calça jeans na Figueiredo Magalhães e o vendedor era um cara ligado em rock, então começamos a bater papo, a falar de bandas e daqui a pouco ele começou a falar das bichas do rock, efetivamente de Lou Reed e do próprio Rob Halford. 

Estou falando de 42 anos atrás, ou seja, nunca foi segredo para ninguém que o Rob Halford era gay. E daí? Ele é um dos maiores cantores de rock and roll da história, um dos maiores ícones do metal, o Judas mantém a mesma integridade profissional e respeito artístico que tinha no começo da sua carreira de quase 50 anos. Mas então percebemos que os assuntos já estavam por aí atormentando a cabeça das pessoas…

O que rolava mais na casa do Fred eram as bandas de metal e rock and roll, né? Iron Maiden, o próprio Judas Priest, Kiss, Metallica, enfim, depois rolou uma era mais pop que o Fred descobriu, comandada pelo Level 42 porque adorava o baixista da banda, Mark King, que é um senhor músico também, um verdadeiro monstro tocando contrabaixo. 

Passamos tardes muito divertidas nos anos 1980. A casa era simples a gente ia para lá, se reunia porque era o único lugar que tínhamos livres, porque o Fred era o único de todos nós que tinha os pais separados e a mãe trabalhando fora de casa quase o dia todo, então o apartamento era nosso para fazer a festa, mas não tinha essa moleza de hoje, como ligar o canal fechado e assistir a exibição de uma banda. Tudo era muito mais difícil, não apareciam os shows ao vivo de rock na televisão. 

Eu me lembro que até o primeiro super grande show que foi transmitido. Acho que já no finalzinho dos anos 1980 pela Bandeirantes a Band né? Quando os Rolling Stones começaram a turnê Steel Wheels, que era uma uma espécie de retomada da banda. Ao mesmo tempo, um momento em que eles começaram a usar os palcos colossais, que duram até hoje. Tinha a participação de John Lee Hooker na abertura, o Guns n' Roses. Claro aí depois com o tempo as TVs acabaram apresentando shows e festivais, mas aí é outra coisa.

Agora o tempo é outro. Já não há mais tantas grandes bandas de rock and roll por aí em plena atividade, a maioria já é de pessoas mais idosas. O final inevitável está chegando, paciência. Há pouco anunciaram que julho terá as despedidas oficiais de Black Sabbath e Ozzy Osbourne. O tempo é Implacável, os caras fizeram meio século de coisas maravilhosas, mas um dia chega a hora, vai chegar para todos.

Para nossa sorte, a nossa geração de cinquentões teve a possibilidade de ver vários dos seus ídolos por muito tempo.

Opa, peraí que agora Paul Stanley está cantando. 

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