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Monday, January 08, 2024

Barão, Barão

Revendo "Por que a gente é assim?", o documentário do Barão Vermelho. Acho que é a quinta ou sexta vez. Bom demais. Vale a pena ver mil vezes. 

Sensacional ter visto tudo desde o começo, começo mesmo: voltando do Maracanã de 434, passando pelo Passeio Público, a Escola de Música da UFRJ, vinha a boate Holigay e na porta uma plaquinha: "Hoje - Barão Vermelho". Ninguém conhecia. Depois, as rádios tocavam "Pro dia nascer feliz" sem parar. Minha mãe adorava o Cazuza. Ele era monstruoso. 

Depois de vários shows, vi o poeta muito louco no Leblon duas vezes, achei "Declare guerra" muito phoda, achei sensacional Frejat gravar. Gostava dos dois trabalhos, o da banda e de Cazuza. Não quis ir ao show do Canecão porque me entristeceu saber que ele estava bem doente. Deveria ter ido, mas eu tinha 20 anos, não estava preparado para perder ídolos. Nunca estamos para perder ninguém, talvez. E Cazuza morreu num sábado, dia 7 de julho, dia do maior de todos os shows da Legião Urbana, parando toda a zona sul engarrafada com o Jockey lotado. 

No começo dos anos 1990, sons fantásticos. Em 1992, showzaço nos Arcos da Lapa pela Eco 92: Barão, Jello Biafra e Mano Negra! Teve toda punk, tirei o Xuru da porrada, ele não parava de rir. E pra ir ao show, ainda furei com a Luciana, que era a maior gata, não rolou mais. O rock é assim. 

Eu estava lá na chuvarada quando eles abriram pros Rolling Stones em 1995. Que noite! Fui nos dois dias por sorte: no segundo show, o Luizinho tinha um ingresso sobrando e me deu. Foi demais. Fausto Fawcett tava na pista, Claudia Abreu também, linda, pequenininha. Bom, aquele primeiro semestre foi um dos melhores da minha vida. 

Um belo dia, encontro Manu no Mercadinho. Tomamos chopes e tals, aí ela me disse que o Barão ia lançar uma música maneira dentro de um mês e cantou pra mim: "Ela é puro êx-taseeeeee". Demais. 

Em 2005 o Guto Goffi apareceu numa situação das brabas: meu amigo Xuru tinha descido da UTI do INCA para o quarto, foi lá na visita. Bela atitude. Eu olhava pra roda punk de 1992 e lembrava que já tinha 13 anos. Não se pode ganhar todas. O Guto também estava lá no enterro. E sobrou pra mim a fala sobre o Russo, com a capela cheia de gente. Pelo menos Cler estava lá e fez suas galhofas: "Caraca, tem seis ex agora do lado do caixão, isso é um esculacho". A gente riu, mas doeu pacas. Dói até hoje. 

Anos depois, fiquei fã do Mauro Santa Cecília, que é um poeta monstruoso, mas não exatamente por isso e sim pelas crônicas dele na Revista Programa do JB. Que saudade comprar o jornal das sextas-feiras! Enfim, mantivemos contato por anos via internet e um dia nos abraçamos. Tenho um livro inédito que tem que sair, sobre a Copa de 2018, onde o Mauro participa e também o Rodrigo Santos, que ficou duas décadas no Barão e é campeão brasileiro de shows, agora relançando o Front!

Peninha morava aqui perto. Cumprimentava todo mundo, tava sempre na feira e no Mundial, era uma simpatia. Devia estar por aqui até hoje. 

Torci pacas para que a banda continuasse e deu certo. Acho que o Suricato ficou muito bem mesmo. Preciso ter o "Efeito Borboleta", CD ótimo do Rodrigo com Fernando Magalhães. O álbum mais recente do Guto Goffi também. E claro, o Barão físico.

Enfim, de todas as bandas consagradas dos anos 1980, o Barão Vermelho é a que eu mais estive perto como fã desde garoto e minimamente também pelos encontros da vida. 

Um dia ainda escrevo sobre eles. É melhor não duvidar. 

@pauloandel

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