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Tuesday, March 21, 2023

escola, escola

Antes de tudo, tudo mesmo, é bom que se diga: escola é fundamental e o único jeito para sairmos do século XIX. Apesar de tudo, tenho sobrevivido bem graças aos estudos. 

Contudo, minha vida escolar não foi nada fácil. Uma verdadeira bagunça. 

Mal havia começado, fui expulso de uma escola pela ditadura. Numa situação extremamente azarada, os militares resolveram descobrir que perigo eu representava para a sociedade aos sete anos de idade. Mandaram a direção me excluir. 

Eu estudei sozinho em casa. Sempre gostei de estudar. Pulei da primeira para a segunda série por nivelamento. Aí, precisamos mudar temporariamente de Copacabana para Vaz Lobo, meu pai estava muito empobrecido. Parei na metade da terceira série. Nesse tempo, que durou pouco mais de um ano, fiquei sem estudar formalmente, mas fazendo exercícios em casa diariamente por conta própria. 

Voltamos para Copacabana no final de 1977 e aí, finalmente, tive estabilidade escolar. Comecei a quarta série em 1978 e fiquei no mesmo colégio até 1980, quando fui dispensado por não poder pagar a mensalidade e ter tido uma nota vermelha em Matemática, a única de todo o meu currículo escolar, que questiono se foi um mau desempenho meu ou uma desculpa para tomarem minha bolsa de estudos. 

Saldo: até os 12 anos de idade, fui expulso de uma escola, perdi a bolsa em outra, praticamente não fiz a primeira série, saltei para a segunda e fiz metade da terceira. Por incrível que pareça, nada disso atrapalhou meu avanço nos estudos. 

Em 1981, fiz a sétima e oitava séries em escola pública, o que continuou no Segundo Grau. 

Trouxe comigo até hoje poucos amigos do primeiro grau e nenhum do segundo, uma pena e uma estranheza também.

Passei por boas escolas, não tenho dúvidas, e tive alguns professores admiráveis, poucos, que realmente me influenciaram. Outros, não: alguns realmente não ensinavam bem e outros eram grosseiros gratuitamente, na verdade estúpidos, estúpidos ao extremo.

Havia também o bullying, que era insuportável em muitas ocasiões. Esse é um assunto muito sério, que faz muitas crianças e adolescentes sofrerem ao extremo, inclusive levando alguns ao suicídio, mas há gente suficientemente ignorante para dizer que é "frescura" ou "babaquice".  Sofri bastante com isso, mas menos do que outros colegas de classe que eram extremamente humilhados pelos alunos que se sentiam "superiores". 

Depois cheguei à universidade. Passei por várias, mas a dona do meu coração é a UERJ. Lá, levei alguns poucos zeros, aprendi com todos eles, também tive grandes professores, outros péssimos, mas já não havia bullying algum e fui muito feliz por lá, talvez feliz como nunca mais voltei a ser em quantidade. 

O diploma de estatístico cancelou aquela nota vermelha em Matemática na sexta série. 

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