Muitas pessoas comemorando aprovação na UERJ, pais e filhos. Essa alegria eu conheço bem há 37 anos, tempo demais. Em 1988 não havia celular nem computador ou internet, você comprava o Jornal dos Sports e procurava sua inscrição no Olimpo. A minha estava. Acho que foi a primeira vez - e uma das únicas - que chorei de alegria. Eu não sabia comemorar. Meses antes, meu tio - que pagou minha faculdade anterior - tinha morrido. Eu não conseguia emprego, nem estudar, não tinha cursinho e a fase final era discursiva, tinha que encarar. Bem, eu estava no bom e velho grupo de escoteiros, tínhamos organizado um bingo para arrecadar recursos para um acampamento. Eu desci, comprei o jornal, li e chorei sozinho. Não falei com ninguém, ninguém me abraçou, eu sou assim - estou acostumado à frieza. Mais tarde minha mãe apareceu e dei um abraço nela. Ficou toda contente, imagine: ela, trabalhadora, lutadora, que mal fez o primário, colocou o filho na faculdade. Naquele tempo, nossa vida era muito difícil e meu pai achou aquilo sem importância; na época fiquei triste mas hoje entendo, ele sofria demais. Passou. Tantos anos depois, aquele dia ainda é muito especial para mim. Mudou minha vida para sempre. Durante alguns anos, convivi com jovens homens e mulheres da pesada, aprendi um milhão de coisas; vivi experiências acadêmicas, culturais e artísticas incríveis - de Luiz Carlos Prestes a Cássia Eller e Tom Jobim. Vi filmes incríveis, joguei bola, beijei garotas lindas, ri com muita gente e quase todos ficaram para sempre comigo, mesmo ausentes fisicamente mas na cabeça e no coração. E ainda pude ajudar bastante meus pais em seus anos finais, fruto da minha capacitação. Eu entendo essa alegria dos pais e filhos hoje, ela ainda percorre meus sentimentos. Eu sei, a gente sabe mas não se cansa de sentir.
@p.r.andel
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