Translate

Monday, June 05, 2023

Tempo

Quando volto para meu bairro natal, tudo é familiar mesmo que muitas mudanças tenham ocorrido. 

Eu vejo as lojas que faliram, os personagens locais há muito mortos, os carros que viraram ferro-velho. E lembro das conversas de rua, das jovens meninas agora tão senhoras.

E procuro pelos amigos. Os colegas do futebol. Os escoteiros. A rapaziada do bar. As lojas de discos. Os colégios. Os famosos mendigos. Tudo se foi, embora pareça cedo demais. 

A praia, não. Ela continua onde sempre esteve. Se as pessoas ficaram mais violentas, a natureza não tem culpa. 

Quando ando pelas ruas de meu bairro natal, procuro um passado que já não existe a não ser nas minhas lembranças - e elas são muitas, muitas, boas e más, às vezes felizes ou muito tristes, tristes demais. De toda forma, sempre volto: é melhor até viver grandes derrotas do que empates sem emoção. 

Meu bairro era minha casa. Me expulsaram de lá injustamente. Sempre volto como um visitante, um turista, alguém de fora indevidamente. Cumpro uma pena: sou um estrangeiro em minha própria terra. Então procuro e procuro, é meu último refúgio. Vivo e revivo os escombros de minha memória. 

No comments: