Caos/ Ri/ Rumo

I

o caos prevalece/ esmerilha cotidianos/ adormece bons sentimentos/ e navega firme rumo ao nada/ eis o caos/ o hábito insano da confusão oceânica/ o ir e vir sem sentido nem lógica/ o fazer por fazer/ comprometido com o nada/ caos, caos, cais da desgraça/ articulação que destroi/ retrato da mais perfeita desarticulação.

II

ri

ri

ri o

idiota

ri do que não conhece

do que não sabe

ri do berço esplêndido

que lhe acolhe

chamado

ignorância

ri

ri o idiota

ri dos mendigos

os pobres e desamparados

ri de sua própria

carne

que julga superior

enquanto perde tempo

em não aproveitar

tempo algum

ri o idiota

sábio dos caminhos turvos

artífice do fracasso

lê mas não entende

ouve mas não escuta

pensa mas não reflete -

seu riso é tão somente

um atestado de dor

III

nenhuma rosa dos ventos

é tão precisa

que saiba

apontar toda direção

sim, os pontos cardeais

lá estão -

mas onde

localizar

aqueles

cuja visada

é imprevisível?

pra180512