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Saturday, September 16, 2006

Pausa

Sinto-me embebido na estranheza de mim mesmo
Quando surges à minha frente tão linda e morta
Não me cabe disfarçar o que penso feito espanto
Todavia, é o contrário do que eu sempre gostaria

O que te fez desfalecida para mim?

Foste meu recomeço e primavera, bem-abençoada
Sincera morada e guarita dos meus sonhos de amor
Povoaste todo meu encanto de céus e estrelas fiéis
Em teu sorriso guardavas minha cintilante alegria

No entanto, suicidou-se em meu peito

Ver tua beleza infinita ainda faz eloquente sintoma
Inegável te pensar ou desejar, medrosos instintos
Diferente, contudo, é não mais buscar o teu amor
Não procurar, não cobiçar e nem sentir-me vazio

Como pode o que melhor tive para oferecer a ti
Falecer em teu descaso, pétala rosa que resseca
Ter virado breu, pisado e não menos descartado
Pelas sapatilhas velozes de fascinante bailarina
Enquanto uma velha canção de trilha ecoa firme
Procuro pela noite morena onde tanto te sonhei
Acordo sereno e amuado, para te desencontrar

Meu anseio por tua voz escreve outras palavras

Não mais brilhantes, não tão apaixonantes

E, sinceramente, por essas eu não esperava


Paulo Roberto Andel, 16/09/06

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