Estranha, sempre, a experiência de estar em um lugar novo e fitá-lo como se não fosse pela primeira vez. Tudo quase inédito: uma canção, uma foto, a literatura, o discurso, a mesa de botequim. Bateu um estalo, acha-se já ter sido tudo aquilo realmente vivenciado, como se fosse possível na vida apertar uma tecla, para a mesma voltar feito a nostálgica fita cassete.
Já vivi a sensação do déjà vu muitas vezes, todas brevíssimas. Lembro de algumas particulares, várias relacionadas à beleza e ao encanto da mulher. Certa vez, tive a sensação de que o beijo de uma era idêntico ao de outra, antiga; noutra oportunidade, a voz de uma futura amiga soou-me como a de uma bela e desaparecida mulher amada. Dia desses mesmo, encantei-me ao ver uma bela jovem flanando pela rua feito bailarina, remetendo-me ao distante passado. Outros, de amor, mais amargos: ao fim de uma história, em mais de uma vez, recomendei à ex-amada cuidado para que não fosse tomada pela frieza que, de certo modo, poderia deixá-la sozinha no fim do caminho. Sem querer, vi em face meu comentário travestido de profecia.
A saudosa praia de Copacabana é cenário meu para muitos outros devês também. Dia de sol que tem foto emoldurada pelo celeste do Leme ou do Posto Seis é padrão para a eterna repetição de cenários. Chuvoso também. Não foram poucas vezes que, na tarde cinza do mesmo Leme, eu enxerguei Copacabana por fotos em preto e branco que vieram da mesma lente, em momentos diferentes. Nunca me esqueço de um dia em que estava com minha mãe na praia, em tempos de Pedro Brito, com balde e pá de remexer areias; dei as costas para o Atlântico Sul e minha vista infantil beijou o Copacabana Palace como se fosse a primeira namorada – senti-me nos anos vinte, admirando a formosura do prédio
Ultimamente, tendo voltado aos bancos escolares depois de uma carreira acadêmica tida como encerrada, o devê é presença constante por todo lado: a emoção das provas, o bate-papo vadio na cantina, a festa de congregação, os churrascos de fim de semana, as jovens musas encantadoras que vêm e vão pelos corredores e arredores. E as vozes? Os jeitos? É Lívia que soa feito Ana, é Juliana que recorda Lavínia, muitas mais. O velho chope dourado celebrando os fins de noites. Caminhada em grupo, tal como manada de fiéis elefantes africanos pelas savanas.
Por outro lado, é possível crer no devê como uma ilusão de ótica, já que mesmo o mais assemelhado tem lá suas pequenas diferenças. Visto, revisto, revisitado, tudo sempre tem lá as suas questiúnculas, suas delicadíssimas nuances, essência deliberadamente chupada da idéia do bom e velho Heráclito, aquela onde não se pode entrar duas vezes no mesmo rio. Viver, escrever e reescrever, tudo com parágrafos de mesmo tamanho mas texturas diferentes.
Meu devê preferido? Agora?
O que não virá, certo.
Já vivi a sensação do déjà vu muitas vezes, todas brevíssimas. Lembro de algumas particulares, várias relacionadas à beleza e ao encanto da mulher. Certa vez, tive a sensação de que o beijo de uma era idêntico ao de outra, antiga; noutra oportunidade, a voz de uma futura amiga soou-me como a de uma bela e desaparecida mulher amada. Dia desses mesmo, encantei-me ao ver uma bela jovem flanando pela rua feito bailarina, remetendo-me ao distante passado. Outros, de amor, mais amargos: ao fim de uma história, em mais de uma vez, recomendei à ex-amada cuidado para que não fosse tomada pela frieza que, de certo modo, poderia deixá-la sozinha no fim do caminho. Sem querer, vi em face meu comentário travestido de profecia.
A saudosa praia de Copacabana é cenário meu para muitos outros devês também. Dia de sol que tem foto emoldurada pelo celeste do Leme ou do Posto Seis é padrão para a eterna repetição de cenários. Chuvoso também. Não foram poucas vezes que, na tarde cinza do mesmo Leme, eu enxerguei Copacabana por fotos em preto e branco que vieram da mesma lente, em momentos diferentes. Nunca me esqueço de um dia em que estava com minha mãe na praia, em tempos de Pedro Brito, com balde e pá de remexer areias; dei as costas para o Atlântico Sul e minha vista infantil beijou o Copacabana Palace como se fosse a primeira namorada – senti-me nos anos vinte, admirando a formosura do prédio
Ultimamente, tendo voltado aos bancos escolares depois de uma carreira acadêmica tida como encerrada, o devê é presença constante por todo lado: a emoção das provas, o bate-papo vadio na cantina, a festa de congregação, os churrascos de fim de semana, as jovens musas encantadoras que vêm e vão pelos corredores e arredores. E as vozes? Os jeitos? É Lívia que soa feito Ana, é Juliana que recorda Lavínia, muitas mais. O velho chope dourado celebrando os fins de noites. Caminhada em grupo, tal como manada de fiéis elefantes africanos pelas savanas.
Por outro lado, é possível crer no devê como uma ilusão de ótica, já que mesmo o mais assemelhado tem lá suas pequenas diferenças. Visto, revisto, revisitado, tudo sempre tem lá as suas questiúnculas, suas delicadíssimas nuances, essência deliberadamente chupada da idéia do bom e velho Heráclito, aquela onde não se pode entrar duas vezes no mesmo rio. Viver, escrever e reescrever, tudo com parágrafos de mesmo tamanho mas texturas diferentes.
Meu devê preferido? Agora?
O que não virá, certo.
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