16:30 de Brasília, coração do Rio.
Desço a Lavradio vazia e entro na rua do Senado. Vem alguém atrás de mim e saio da calçada minúscula para dar passagem. Um rapaz, um homem negro de mais ou menos uns 40 anos, parecendo estar em situação de rua, passa por mim. Para um metro adiante, vira e me olha de cima a baixo. Quando preparo meu instinto natural de defesa, o nacional dispara: "Gostoso!"
Quis o destino que eu estivesse na porta da Hamburgueria da Alfândega. Olhei pro sujeito, mandei meu polegar de tchau, entrei na lanchonete e subitamente lembrei de uma garota em quem eu nunca mais deveria pensar. Dez segundos depois, eu já era um cliente satisfeito à espera de um cheeseburger duplo, com poderosos bifões de 160 gramas.
Você é o que come. Obviamente, sou gostoso. Mas achei que, com 130 kg e 56 anos, eu já estivesse na faixa de isenção das cantadas gays.
As garotas também faziam isso, mas só discretamente.
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