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Saturday, December 02, 2023

Coitado

Outra daquelas que a gente lê por aqui mas não conhece nenhum dos atores. Li ontem, sem saber como fui parar nos perfis. 

Morreu alguém. Na verdade um rapaz. Talvez um senhor. Tinha mais idade do que eu, mas não muita. Pelo visto, infelizmente houve suicídio.

Em sua última postagem, cheia de vida, os comentários pululavam. Choro, lamento, saudade, tristeza, mais lamento. Marcações. Inconformismo.

Gente em lamúrias, frases bonitas, muitas outras. 

Alguém dizendo que se afastou do falecido à toa e se arrependia. Várias adesões. 

Afinal, com tanta gente ali, será que algo poderia ter sido diferente?

Quem sabe um pouco mais de proximidade sincera, longe da robotização das redes sociais? 

Ou será que era apenas eu caindo na velha esparrela do tribunal do Facebook, julgando situações e pessoas que desconheço? 

Será que a vítima teve apoio e simplesmente saiu de cena porque, em muitas situações, o desfecho pior é inevitável? 

Ou será que tudo foi um grande descaso, feito esses que a gente vê no Brasil inteiro, no Rio inteiro, em Maceió, em qualquer bairro? 

Eu não quero julgar ninguém. Não quero formar nenhuma opinião. Não quero ser seguido, pelo contrário: estou precisando fugir e me esconder. 

Só acho que essas histórias têm se repetido demais por toda parte. Muita gente ceifando a própria vida de tão sufocada, oprimida e humilhada. E parece, só parece, que ao se deparar com uma tragédia sobre alguém próximo, a ficha cai e algumas pessoas se tocam do descaso ocorrido, mas aí já é tarde, tarde demais. 

O que provoca os afastamentos? Medo de pedidos? Dinheiro inclusive, dinheiro principalmente, mas não somente. Às vezes a simples companhia, ou ouvidos atentos, ou palavras, outras palavras. Pouca coisa. 

Sei lá, ando meio desconfiado de que temos meios de comunicação demais, mas comunicação de menos. É só um palpite. Muito passatempo e pouco entrosamento. Até o dia em que vimos aquele nome amigo ser muito procurado, várias marcações e, de repente, uma tristeza gigantesca. 

Abraços e beijinhos e carinhos póstumos sem ter fim. Tudo em vão, porque a vida é agora e não espera feito a solidariedade verdadeira.

@p.r.andel

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