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Monday, June 01, 2015

cheio


o mundo cheio do mundo
cheio de tudo
há mansidão às vezes nos intervalos da dor lancinante
- à espera da próxima facada - o próximo estupro
uma lucrativa guerra
eis o mundo contra o mundo
para qualquer natureza, a morte - a indiferença
a solidão é uma multidão em festa
o mundo sobre o mundo
nada de novo debaixo das marquises
nada de novo nas primeiras manchetes
e a Terra
com pequenos bilhões de planetas de carne
completamente dissonantes de qualquer órbita
- a revolução não vai ser televisionada, mas a barbárie sim -
todos sejam felicitados pela estadia no mundo real: o da vaidade
egoísmo
estupidez
celebremos a genialidade de nossas espaçonaves
e pensemos nos ditadores que delas se apropriam
os nossos mortos, os torturados
os assassinos e larápios
seja pelos pequenos objetos ou grandes negócios
o mundo cheio do mundo
abarrotado
enquanto transbordo de mim mesmo
cheio
cheio
cheio

@pauloandel

1 comment:

Nelson Borges said...

Eis a indignação do poeta, profunda e transbordante.