numa rua da nova guanabara
passam ônibus nunca vistos antes
nos seios da noite, na hora da casa
e pessoas apressadas com seus fones correm
contra o tempo a desperdiçar
- vamos às casas - TVs a cabo - solidão nas salas - calores de corpo e almas apaixonadas à distância - deus nos perdoe - sonhos sinistros
uma linda mulher num deserto vagão de trem urbano
uma linda criança e sua mãe numa calçada do Centro
e a verdade escarrada em manchetes assépticas enrustidas em rasa elegância
o outro lado de qualquer lado da história
romance de nada - roubado é mais gostoso!
ninguém vai escutar um outro tiro noutro morro adiante
nem gritos de dor, desespero cru
estupro e covardia
ninguém pode mudar o mundo
os vãos vizinhos são números
ninguém vai escutar um outro tiro noutro morro adiante
nosso caos moderno, fraturado
desalmado, corações rancorosos
e todas as vitrines não podem dizer o bastante
ninguém vai escutar um outro crime noutra esquina adiante
uma linda mulher e um coração
que lhe cobiça ao distante
a nova guanabara soma forças
e cambaleia sem cortes
@pauloandel
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