parei, mirei um caleidoscópio
e vi uma gata no vagão de um trem
suburbano acho que vi uma gatinha
frajola feito um desenho animado
tinha algum dono temporário talvez
que ali já não se via nem queria
os passageiros queriam adotá-la
e levá-la pra casa com seus pelos
de encanto – de longe eu assistia
e logo a quis bem ao meu lado
com seus olhinhos bem puxados
diamantes raros e sofisticados
eu só pensava em ouvir ronrom
e tocá-la de leve, cheia de segredos
arisca e mansa entre os miados
mas então cochilei e despertei
quando vi o bom de mim, me perdi
estava em outra estação, oh não!
a gata tinha sumido! havia descido
alguém a raptou ou foi embora
sozinha, charmosa e tão estimada
agora fiquei grilado: queria a gata
então voltarei outras vezes ao vagão
no ir e vir da Central ao Brasil
até encontrar de novo aquela gata
os trilhos vão ser promessa
cada dia vai ser uma nova viagem
e eu não descanso nem desisto:
reencontro e sequestro a gatinha
pra ser meu amor de estimação
e razão de vinte e dois mil poemas
@pauloandel
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