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Saturday, February 04, 2012

VALE QUANTO PESA?







I

Duas jovens garotas de programa andam abraçadas pela calçada de pedra da rua do Ouvidor. Parecem felizes e ali não sugere sexo. Pode ser hora da folga, do passeio ou qualquer desimportância. Parece arte. Sim, vivemos e respiramos arte. Fudemos e louvamos arte. Cada canto do planalto sujo ejacula arte. Então duas garotas caminham. A da esquerda, mais voluptuosa, exibe numa coxa farta uma longa tatuagem. o desenho da garota da direita começa na nuca e parece ocupar toda a região das costas, ainda cobertas. Eu carrego no bolso um CD de vanguarda de Beck Hansen, que tocou no Brasil mas ninguém entendeu nada. Daqui a pouco o Fluminense há de me regenerar. As duas garotas são mulatas e oferecem formosura. Ando cansado a caminho do Paço, já passei pelo CCHO e quase chorei com a obra eterna de Franz Weissmann, quase toda produzida nesta cidade que nunca lhe aplaudiu como devido. 



II


O Paço é belo e abriga por mais algum tempo obras riquíssimas das artes plásticas contemporâneas no Brasil. Viver é pensar; pensar é fazer arte. Portinari, Djanira, Di Cavalcanti, Cícero Dias, Leonilson, Gershmann, tantos mais. Sou ignorante demais para saber como aqueles homens e mulheres construíram tanta coisa condenada à eternidade. Admiro e basta: sei da pequeneza de meu lugar.


III

Os seios arredondados e salientes da turista nacional deixam-me embevecido. Ela me pergunta as horas e só penso em Urano ou Netuno. São impressionantes: instigam, convidam, sugerem mais e mais. Sou um pequeno canalha em poucos segundos de infidelidade. Ela sorri: nunca foi tão fácil ler as matizes do que penso e sonho.

O telefone toca e respondo, ninguém replica.

Got a devil's haircut in my mind!


IV

Nenhuma pátria é poder.


Paulo-Roberto Andel 040212





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