Translate

Monday, May 09, 2011

SOMOS ESTRANHOS

Alguns dos melhores livros já escritos não tiveram leitores em demasia; alguns, sequer leitores.

O mesmo vale para discos de música e peças e quadros e telas.

Excelentes - embora poucos - programas de televisão não têm audiência alguma.

Dentre os anônimos na Terra, há alguns dos melhores exemplares de bons humanos, vivos ou mortos.

Somos estranhos.

Estranha a natureza do homem que se basta em poder e dinheiro, fingindo não ver as mazelas do mundo e do próximo, inevitavelmente condenado à apoteose da mediocridade em todos os sentidos.

Não podemos saber todas as coisas do planeta, é evidente. Mas isso não deveria fazer de nossa maioria um perdido entre robôs consumistas, analfabetos com sede de luxo ou um bando de zumbis, esperando uma nova ordem do Jabor, do Mainardi ou do Obama. Não deveria. Mas infelizmente faz.

A parte que nos cabia neste mundo contemporâneo era muito maior do que viver falando sobre o nada nas redes sociais, buscar especialização em fofocas, gastar o tempo com temas e teses comprovadamente inúteis.

Deveríamos ser bem mais do que isso.

O que resta é a dor e o que venha a seguir, nem que seja o fim.

E nada de recomeços.

Reprisar a mediocridade é, em qualquer estágio, abominável.


Paulo-Roberto Andel, 09/05/2011

3 comments:

Pedro Du Bois said...

Mas daí, Andel, você chega com seu texto e, vejo, alguns ainda não são estranhos, mas humanos. Abraços, Pedro.

Paulo-Roberto Andel said...

Agradecimentos de sempre, poeta. Braxxxx.

Paty e Will Vianna said...

"Estranho"... Convivi com essa palavra por alguns anos. "Estranho"... Diferente, talvez. O "engraçado do engraçado" é que aprendi a lidar com isso quando enquanto todos se divertiam comigo por eu ser diferente, passei a me divertir com os outros por serem tão iguais.