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Monday, January 28, 2008

Crônicas Tricolores 4 - Um pequeno revés

Caríssimos, a partida de ontem à noite, contra a estreante agremiação auriceleste do Macaé, não foi de boa jornada para o Tricolor, ainda que o resultado final não tenha sido altamente comprometedor para a classificação na Taça da Guanabara. Jogamos mal e, como conseqüência, a partida foi de fraco nível técnico, sem desmerecimento dos valorosos macaenses. Apesar de ser uma peleja limpa, com poucas faltas, foi bastante truncada e com poucos lampejos de criatividade. O empate em dois tentos foi praticamente justo e, se os adversários de Laranjeiras quiserem falar do gol que os estreantes perderam na última finalização do jogo, posso lembrar de dois pênaltis claríssimos a nosso favor – que foram solenemente ignorados pelo rechonchudo árbitro Damásio, bem como sua loura assistente. Voltamos a sofrer dois gols no primeiro tempo e, embora merecidos, eles contaram com um misto de nossa desatenção e o salpicar de sorte.
Tudo começou com a chuva, a mesma chuva que vem nos perseguindo em todas as partidas. Nas arquibancadas, quero destacar a beleza do coletivo intitulado Legião Tricolor, uma torcida que visa exclusivamente apoiar Laranjeiras e, hoje, já repleta de uma multidão como as de torcidas organizadas convencionais. Os legionários, com seus sinalizadores verdes, deram enorme alegria ao estádio. Os quinze mil torcedores viram o Tricolor começando a partida exatamente como das vezes anteriores neste certame: com certa timidez e baixa velocidade. Ontem, um agravante: a má performance de Gabriel, que errou praticamente tudo o que tentou. Doutro lado, Nery foi Nery. Ao contrário do que quer fazer ver a crítica especializada, o problema do Fluminense não está no trio de atacantes. Washington tem voltado para buscar jogo e briga bem como primeiro marcador na intermediária adversária. Leandro, com alguns erros, tem buscado mais a posição de um ponta-direita, com algum resultado. Apagado mesmo, apenas Dodô; porém, é jogador de fartos recursos técnicos e digno de crédito. Creio que o time foi tomado por súbita apatia, sem culpa do ataque, e muitos foram contaminados, de forma que a velocidade não ocorria e o Macaé segurava-se na defesa, com esparsos ataques.

Num momento, quebrando a monotonia do jogo, veio um grande gol, um golaço, daqueles de se pedir bis, daqueles como fez Thiago contra o Caxias: a bola sobrou na entrada da área, mais à esquerda; Neves dominou, viu o experiente Cássio adiantado e colocou a bola no ângulo esquerdo – muitos torcedores, incrédulos, só bradaram o gol quando a bola já estava há muito nas redes. Uma beleza. E tudo indicava que, com o tento sensacional, o Tricolor rumaria para uma grande vitória. Mas não foi o que aconteceu. Logo de cara, os macaés empataram. O camaronês Steve, tal como um ponta-esquerda de verdade, invadiu nossa área após ter dado um drible da vaca no vacilante Ygor. Feita a jogada, fuzilou como se quisesse acertar a esquerda de Diego; contudo, Washington, sim, ele, ao tentar tirar a bola da defesa, resvalou nela – e a pelota beijou violentamente a direita do nosso goleiro, enganando-o por completo. Foi um chutaço, um tirambaço de Jorge Curi, e o empate foi decretado.
Quando tudo indicava que o empate em um seria o ocorrido em Mário Filho na primeira fase, o Macaé virou o jogo, de forma quase inusitada. Num ataque dos amarelados, a bola sobrou dentro da área, à esquerda, para que o mesmo Steve finalizasse, depois de falha inicial de Nery – errando o tempo de bola, o importado acabou cruzando e Jones completou sozinho, diante da atônita defesa. E terminou o primeiro tempo, sob vaias da nossa torcida, com exceção dos admiráveis legionários, sempre a cantar em prol de uma virada no placar. Estamos mal-acostumados por hoje, eu reconheço: a excelência da nossa defesa no ano passado, a segunda melhor no certame nacional, fez com que passássemos a considerar gols adversários como verdadeiro sacrilégio. De qualquer forma, o respeito aos adversários do interior não os credencia a fazer mais de um gol em nossa defesa a cada primeiro tempo. Apesar da má atuação e dos gols sofridos, de toda maneira eu não enxerguei ali um sinal de derrota fragorosa ou de nenhum conserto. O Fluminense pareceu-me desatento até demais, mas capaz de reverter o placar que, ressalte-se, não foi ocasionado pela propalada sobrecarga dos três atacantes, e sim pela falha coletiva.
Voltamos surpreendentemente sem alterações – talvez Renato estivesse convicto de que as orientações de vestiário fossem suficientes. O time, contudo, retornou com a mesma falta de ritmo da primeira fase, incapaz de agredir um Macaé recuado pela vantagem no placar. E então, Renato tentou a diferença ao sacar Gabriel (com justiça) para colocar Cícero mais à frente, passando Marcos Arouca para a direita. Cícero entrou em campo e foi para a área, veio o cruzamento e ele cabeceou para o empate a nosso favor. Pode-se dizer que foi um golpe da sorte Tricolor, uma vez que o jogo já se aproximaria da metade do segundo tempo e reagir nestas circunstâncias, contra um time fechado, é sempre mais complicado. E, por mais sorte ainda, uma vez que o time não se sacudiu, não vibrou, mesmo igualando o marcador – voltamos ao estado original de antes do tento, mesmo entrando Júnior no lugar do apático Nery.
Os vinte minutos finais foram marcados por jogadas inócuas e pelo gol que os macaés perderam, mais os dois pênaltis que não foram marcados a nosso favor. Faltou-nos força para reagir, para traduzir a superioridade do nosso elenco no campo, na peleja. E empatamos, num revés desagradável. Menos mal o empate, a derrota seria injusta e pesada neste momento.
Os mais afoitos poderão enxergar sinais da crise, de que os três ases não podem jogar juntos, de que o time está muito mal. Penso que foi a terceira rodada, o terceiro jogo. Ainda temos tempo. Foi um pequeno revés. Espera-se que alterações sejam feitas, que surjam jogadas ensaiadas, tabelas, triangulações. Grandes gols, já mostramos que somos capazes de fazer.
Temos quatro jogos para chegar às semifinais da Guanabara, e eu acredito nisso. Todos apontam nosso tropeço, nossa falha, e isso é bom: deixemos os louros da glória efêmera para os preferidos da imprensa. Somos a zebra para os desinformados. No momento certo, quando ninguém espera, o Fluminense tornar-se-á o maior favorito de toda a história. Que não duvidem de nossa capacidade. Ela é tão grande quanto os incansáveis e intermináveis gritos de apoio por parte dos legionários.

27/01/2008

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