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Monday, January 07, 2013

Transeunte II

ninguém me pertence
ninguém 
há um ninguém na multidão 
então 
sem rancor ou desilusão 
um sorriso se acende: 
contravenção! 
é que ninguém me pertence
nem mesmo eu 
nem mesmo a dor que nos apavora 
não me pertence a mágoa 
o drama 
a lembrança 
e qualquer outro sentimento
já não pertenço à cor
ao cais 
a uma noite vulgar 
ou certas formalidades rasteiras 
ninguém me pertence 
nenhuma pessoa física 
jurídica 
repleta ou vazia 
nada é meu nem ninguém 
sou o nada e para ninguém
nenhum também tão bem
enquanto o mais estranho em tudo isso 
é que 
mesmo assim 
não percorro qualquer chão de 
liberdade sequer
num porém

 @pauloandel07012013

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