Translate

Monday, October 03, 2011

RAFINHA

Eu detestei a piada do Rafinha.

Mas sou fãzaço dele.

A questão que hoje assola o país (por absoluta falta do que fazer de muitos), tendo até a ex-revista "Veja" (o quê?) no ataque (o que faz pensar nos reais acontecimentos como um todo), no mínimo gera pensamentos contraditórios.

Assisto o CQC desde o primeiro programa e acompanho o trabalho do Tas desde os tempos de Ernesto Varela. É um dos melhores programas da TV aberta - esta, cada vez mais rumo ao ridículo. E tem erros, muitos erros. É ao vivo ou quase ao vivo. Sujeito a chuvas e trovoadas. Ou alguém acha que Datena é um assassino porque, em muitas vezes, ao apresentar um crime bárbaro, disse que "se fosse ele ali com uma arma na mão, fuzilava o criminoso desgraçado"? Faça-me o favor. O mesmo vale para Wagner Montes e Cidinha Campos. Na novela das dez aí pude valer tudo, não é?

O CQC, com vários erros e seus inúmeros acertos, prima por instigar o telespectador. Os erros estão na TV inteira. Depende de como cada um quer ver. Jabor ridiculariza desafetos com sua verborragia oca, NelsonMotta é um fantasma de si mesmo e nada é mais real do que as rameirices de "A Fazenda", com suas mulheres seminuas, apologias a surubas e outros mofos da comunicação. E o "Pânico", também com erros e muitos acertos, é fabuloso porque consegue há quase uma década trabalhar em cima de um só tema: o ridículo da televisão e suas celebridades.

Para subverter pensamentos e criar uma dinâmica diferente, o CQC não se cansou de ridicularizar parlamentares e políticos em geral (alguns, muito justamente mas sem levar em conta os efeitos jurídicos a respeito).

Mais surpreendente ainda é a Band punir o Rafinha quando, há pouco mais de um ano, aceitou tranquilamente que o Boris Casoy tratasse os lixeiros como "a escória da sociedade". No mínimo, dois pesos e duas medidas. Nada aconteceu.

E da "Liga", vão suspender? Porque lá o Rafinha faz um trabalho espetacular ao lado do Thaíde, mais Débora e Sophia (gatona/gatinha em qualquer ordem, adoro as duas).

Hoje, a Band voltou aos tempos de chumbo, quando nem era tão prejudicada assim.

E já que ela tomou essa decisão de suspender o Rafinha, porque atendeu ao anseio de personagens midiáticos importantes e insatisfeitos (com e sem razão, dependendo de cada caso), eu exercerei o meu exercício democrático como telespectador de suspender a exibição do CQC na minha casa. Vai ser uma lástima não ver o Tas, o Luque, a Mônica e todo o resto. Mas não suporto hipocrisia. E se o CQC chegou à audiência que hoje tem, deve muito ao Rafinha. Repetindo e reiterando, hipocrisia e escrotídão já são suficientes na TV destes "tempos modernos".

Se a Band se propõe a ser um canal "democrático", onde Boris e Bolsonaro falam o que querem, precisa mostrar coerência.

Gravarei até 22 horas e depois volto para o Rio. Um bom CD de Charles Mingus me espera.

Quando a Band deixar o AI-5 e voltar a 2011, eu também volto.

E que cada um siga o que acredita. Longe de mim querer convencer qualquer pessoa de que, nestas linhas, eu redigi uma verdade oficial. Sou contra autoritarismos, até mesmo os meus.

No comments: