Tempo, tempo
tempo
outro
tempo
colírio de drama
e cor
entre o alegre
chorar do nascer
e a implacável
certeza do fim
Tempo, tempo assim:
milhão num
segundo
entre a dor
do paciente
ou o saciar
da fome do
pedinte
Tempo ateu, tempo crente
solidão em forma de gente
no andar do transeunte
impaciente
É que o tempo não espera
é que o tempo não espera
meu tempo é uma janela
fechada
e sua cortina azul
para fingir beleza
enquanto a vida à rua
é pesticida
do que aprendemos
ser
solidariedade
O tempo não espera
ele espreme a era
e faz da mocidade
o pus que se remove
o tempo, o tempo
que aquieta a cidade
é o mesmo
que nos aterra
muito antes do devido:
o adocicado sabor
do que não nos pertence
e é apenas
incontrolável
Paulo-Roberto Andel, 17/09/2011
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