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Friday, September 28, 2007

A última quinta-feira de setembro

hoje
é a última quinta-feira de setembro,
ao passo em que as flores despertam
acesas, tão precisas
e nascem até pelos escombros
duma velha casa abandonada
ou debaixo de falsa noite fria
hoje é quinta de setembro,
onde minha cama é rasa
e meu amor não dorme,
sequer descansa ao léu
dança a valsa da brisa
para um coração perdido
é nascedouro de solidão morena
encouraçado de guerra e paz
é meu coração, meu herdeiro
que mora numa cidade escura
de temporária penumbra,
é meu coração enterrado
numa praia deserta, pequena
ao longe
hoje é a última quinta de setembro,
a primeira das flores e frutos,
e meu coração é repleto de silêncio
em reverência ao violão
de um certo São João
é a última quinta, a última guarda
tem a vista da Avenida Portugal
e serve de modesto presságio
para flores e frutos, flores e cores
que tragam ventos ligeiros
de qualquer sonho bom


Paulo-Roberto Andel, 27/09/2007

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