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Tuesday, August 28, 2007

O sonho em grãos

o sonho não é somente para sonhar,
mas também para ser vivido
mesmo que somente no abstrato

o sonho é também para ser desejado,
cobiçado, jardim de conforto
feito os seios da mulher amada

o sonho é a vida na mesa do bar
enquanto escorre a conversa boa,
verdadeira e rara por entre os hojes

o sonho é casa de elfos e poetas,
de cítaras doces entre os timbaus,
de vivas vozes em canto audaz

ele, o sonho, faz do caos a paz
nele, dois são sós, céus têm fim
na farta aquarela do Algarve,
de Amsterdã e também Niterói

ele é águia dos asfalto, rasante,
voando rente às nossas cabeças,
flanando pela cidade gigante
roçando ventos do Atlântico Sul

o sonho é beijo, é cansaço
é dor de amor e pena, cativo

ele é matriz na matemática
com seus espelhos, inversões

o sonho descansa de si mesmo,
enquanto cansa de mim, e dorme,
dorme o sonho dos quase justos

morrer, de fato, o sonho não morre

apenas desfaz-se, amolecido
tal como rosa d'areia no vento
desfolha-se em grãos

em

vão

paulo-roberto andel, 28/08/2007

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