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Saturday, January 25, 2020

sampaulo

todos os corações solitários num vagão do metrô cortando a Sé com as multidões se engalfinhando.

ou o viajante solitário caçando discos nos sebos da avenida São João. jazz e rock progressivo.

garotos loucos indo e vindo da galeria do rock enquanto ali perto os crackers vivem suas últimas horas de vida em invasões prediais. e garotas bonitas de todos os jeitos. homens engravatados e apressados a caminho do progresso de seus patrões milionários.

shows maravilhosos no Sesc. sanduíche de enlouquecer no ponto chic. aquele de mortadela de todos os jeitos, também na São João. onde foi parar a Cinelândia?

morumbi, palestra, Itaquera, Pacaembu.

alguma coisa tem cheiro de bom retiro e vila Madalena. gente correndo para congonhas. gente correndo de Congonhas.

na avenida Luiz Carlos Berrini existe um bar simples com ótima comida e preço justo. a pé, rapidamente se chega ao World Trade Center - é sério. o incrível é que, apesar da vista panorâmica do grande hotel, muitas vezes os hóspedes são incapazes de enxergar logo à frente a aflição dos passageiros dos trens.

São Paulo de muitas veias e artérias, da Pauliceia Desvairada, da Vanguarda Paulistana, do rock, do pop, do teatro, das revoluções, também do conservadorismo que sai na porrada com a liberdade.

São Paulo dos orientais, árabes, persas, judeus, italianos, nordestinos, sulistas tudo com camelôs, industriais, lindas putas, doces travestis ao estilo de Cler, e tem Moema, tem Arouche, tem Armênia. Tem cariocas, muitos.

nada sobrou da luta, miséria e tragédia do edifício São Vito.

O Martinelli e o Itália rugem, o Copan é uma legenda

muita coisa acontece quando um estrangeiro corta o coração da cidade e vê sua admirável mistura de esculhambação com progresso, sua mistura de caos e charme, derrota e glória. O vaivém do mundo.

Marina está lá. Tom Jobim faz aniversário junto. Ah, Geraldo Filme! Artigo Barnabé, Paulo Lepetit, Vange Milliet, Marina Person, nomes que são poemas. Ibirapuera, Canindé, Tietê, Javali, tudo soa bem. é música.

mais corações na Cantareira, no Grajaú, na Penha, nas marginais, nos sinais de trânsito que brilham e são holofotes para os sofridos vendedores de balas.

Otto escreveu: "São Paulo é um peito".

lembro de minha primeira vez por lá, finalizando a Dutra a caminho de Cotia, os grandes prédios ao fundo, grandes nuvens por cima. nunca mais esqueci. voltei muitas vezes, todas foram especiais. meu coração ainda bate forte por isso.

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