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Saturday, December 22, 2018

exile

exílio

I

no final, tudo é em vão
inútil
efêmero e 
desastradamente
repetido
tudo é perda
exílio
saudade e
distância
no final, tudo é
o tempo 
escorrido
o amor que 
deveria 
ser mais do 
que é
o nunca mais
que atordoa
as reticências do 
que
não foi
o desamparo
o tempo escorrido
o tempo
escorrido
a vida frágil
a saudade inútil
tudo é
exílio

II

Ainda me lembro da noite em que soube da morte de Raul Seixas. Eu estava com Zé Luiz no bar do DCE da UERJ quando alguém na Rádio Fluminense deu a notícia. Por mais que não fosse exatamente uma surpresa, ficamos atônitos. Eu comia um hamburger barato com refresco de cola. O Zé não sabia o que fazer. Nós éramos dois garotos de faculdade, cronicamente pobres, sonhando com migalhas, tudo tão atual. A rádio começou a tocar uma canção de Raul e o bar, quase vazio, ganhou um silêncio profundo que eu nunca mais voltaria a ver por lá. Raul Seixas estava morto, muito mais morto do que hoje, quase trinta anos depois. 

@pauloandel

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