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Thursday, August 16, 2018

Por que voto em Elika Takimoto



Por absoluta sorte, tenho acompanhado a trajetória de Elika Takimoto bem de perto desde fins do século XX. Perto daquele tempo e pouco depois, ela se esfalfava para cuidar de duas crianças, seus filhos Hideo e Nara (Yuki, o terceiro, só viria mais tarde), da casa, do marido, dos estudos, do trabalho como professora e mantinha sob absoluto sigilo um talento que o tempo tratou de desvelar para o Brasil: o de uma escritora de mão cheia, uma memorialista de marca maior, digna de Zélia Gattai (com quem manteve contato, aliás).
         
De lá para cá, o que já era ótimo só melhorou: não bastasse se tornar uma autora reconhecida e premiada, Elika avançou em todos os sentidos. Quando o assunto é formação acadêmica, chegou ao doutorado em Filosofia. Como professora de física e coordenadora do Cefet-RJ, percorreu o país como palestrante aclamada e só falta dar autógrafos aos alunos, de tão querida que é. Conhece tudo sobre escola e universidade, seus aquários natais e de ofício. Seu livro “Isaac no mundo das partículas”, sucesso de vendas, baseou uma peça de teatro infantil aclamada por crítica e público.
        
Mãe, mulher, moradora de Madureira na divisa com Cascadura (mais Rio de Janeiro raiz, impossível), fiel escudeira da Educação, filha de japonês, dona de uma risada inconfundível, trabalhadora, nos últimos anos Elika arrebatou uma legião de fãs nas redes sociais por muitos motivos, sendo o principal deles a luta pela democracia que existiu um dia no Brasil, além da sua visão em 360 graus a respeito das mazelas que têm vitimado o povo brasileiro e, em especial, o do Rio de Janeiro: genocídio, violência ostensiva, desemprego a granel, demolição econômica, degradação política, saúde na sarjeta, educação à míngua, desesperança.
         
E tudo isso com uma coragem que se espera dos protagonistas da história: justamente em meio ao caos, no mar de ódio que o golpe de 2016 espalhou pelo Brasil, ela navegou contra o linchamento midiático que foi meticulosamente instaurado contra o Partido dos Trabalhadores e, em especial, a figura de Lula – qualquer pessoa minimamente informada percebe os movimentos das grandes corporações de comunicação quando o assunto é oprimir e alienar o povo brasileiro, sendo que o Rio de Janeiro sentiu o baque da implosão a olhos nus da Petrobras como nenhuma outra unidade da federação. Daí sua indignação contra o golpe, contra o cárcere privado de Lula, contra o sequestro da democracia brasileira, contra a implosão do Rio, contra a destruição das políticas de inclusão social que salvaram a vida de milhões de pessoas desde 2002, contra o entreguismo feroz que só atende aos anseios do capital rentista e mais nada, enquanto os integrantes de três famílias controladoras da holding Itaú-Unibanco receberam 9 bilhões de reais em cinco anos a título de dividendos, sendo três bilhões somente em 2017 com zero imposto de renda. Tudo em meio a uma crise que, organizada pela vilania, fez com que no mesmo período fosse dobrado o número de desempregados no país, sem contar os desalentados (aqueles que desistiram de procurar por uma vaga).

Apesar de seu extremo bom humor, Elika é naturalmente uma cidadã indignada. Ela sabe que o Rio e o Brasil podem ser diferentes do que esse arremedo golpista de agora – e diferentes para muito melhor. É disso que nasce a sua candidatura. E justamente por ela ter vindo “de fora” do ambiente político convencional, tem gás de sobra contra os velhos fisiologismos dos quais estamos todos bastante cansados. Trata-se de uma acadêmica de sucesso, uma intelectual bem-preparada que vai muito além das salas de pesquisa: por sua formação e vivência, ela sabe do riscado quando se fala de trem, de subúrbio alijado de política cultural, da saúde ausente, da segurança esquálida, de colégio abandonado, da cidade tão partida e injusta que é dividida pelo muro invisível (mas presente) entre o balneário e os bairros-alojamentos. Além do mais, quem define sobre quem vem “de dentro” ou “de fora” da política partidária, ou quem “pode” vir ou não? Ela, a política, é para todos!
         
Para finalizar, meu voto não é somente em uma mulher com enorme estofo intelectual, acadêmico, familiar, social e moral, com fartas realizações em sua vida pessoal. Aqui peço licença para falar de ética, de apreço, de honestidade, de sinceridade, de decência. Elika é uma das pessoas em quem mais confio nesta Terra. Eu a vi crescer e se agigantar sem dar um único passo se esquecendo de sua trajetória e de quem a cerca. Posso falar disso de cadeira: generosamente, ela é a prefaciadora dos meus dois livros “Cenas do Centro do Rio”, minha primeira incentivadora literária, minha querida companheira de mesas e lançamentos – e, para qualquer escritor que se preze, o que modestamente é meu caso, prefácio é coisa que só se oferece a quem se confia e se admira muito. Falando em literatura, Elika é novamente um desafio: cansada de ler as negativas mais estapafúrdias das editoras para a publicação de suas obras (ah, editoras, que pisam em seus autores sem dó...), ela pôs a mão na massa e lançou seus títulos de maneira independente, já tendo sido lida por milhares e milhares de pessoas. Convém não dizer a ela que algo de bom não pode ser feito sem um motivo muito justo e comprovado, senão...
         
Elika pensa no próximo e sofre com a dor do outro. E pensa num mundo mais justo, mais humano, um mundo de inclusão e participação, de justiça, de democracia. Embora seja jovem e com o mundo pela frente, ela é uma veterana do ensino e, por isso mesmo, tem a capacidade de dar a aula magna que o Rio de Janeiro anda precisando tanto: a da política participativa, plural e democrática, a da política popular. Eu confio e vou com ela onde estiver. Precisamos de gente com atitude para mudar o mundo, e isso começa pela nossa cidade, pelo nosso estado, pelo nosso país, e essa atitude tem que ser exercida no voto, com realizações em prol da população. Que minha amiga tenha toda a sorte do mundo nesta jornada – e creio plenamente que terá -, porque nela eu tenho a esperança de ver a política do Rio de Janeiro em seu devido lugar: nas manchetes de grandes realizações populares - e não nas de tragédias policiais, como tem sido ultimamente.



#EuVotoElika
#13021
#RioDeJaneiro


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