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Tuesday, August 08, 2017

poema do otimismo

eu e meu caos
a desgraça, o desabamento
os famintos nunca foram tão sofridos
nunca foram tão humilhados
nós somos a merda, o esgoto
a legião dos desprezados
e há quem ouça falar em futuro
- você conhece matemática?

eu e nossa dor, nossa bosta
no continente dos abandonados
cada um é sua própria sorte
um lance, um tiro, a morte
o voo fascinante do suicídio
será condenado pelos hipócritas
que mandam no povo, céus

nós e nosso ódio esparramado
somos campeões do mundo da cólera
ou merda nenhuma na verdade
afinal, de que vale uma rastejante subcelebridade?

nós somos o povo, a prole, a gang da gare
e podemos vender nosso esforço
nossos corpos, a força física
somos cavalinhos bem comportados
ou cordeiros mansos
a morte não existe, fica o sofrimento
a se arrastar por infernos e céus
nós somos o povo, a bosta desprezível
e os bandidos riem da nossa tristeza
ao mesmo tempo em que nunca fomos
nunca fomos tão estúpidos
e egoístas e desinformados
num dia de sol tão bonito
os velórios também existem
- e são fartos

@pauloandel

1 comment:

Jackson said...

Triste!