A
morte do menino
Impressionante
que a passionalidade possa levar a uma tragédia como a do garoto assassinado
ontem na partida San Jose x Corinthians.
Futebol
deveria ser festa, confraternização e disputa.
O
adversário não é inimigo.
Já
temos problemas demais no mundo para que o futebol seja palco de morte.
Estupros de vulneráveis em territórios controlados pelo crime. Guerras sujas e
cínicas. Trabalho escravo. Outras explorações da população infantil.
Há
quem vá dizer que esse é um problema do mundo inteiro. Concordar é possível.
Porém,
o fato de acontecer em vários lugares não significa vista grossa ou tolerância
a qualquer crime que seja.
Passam
os anos e o futebol, essa maravilhosa diversão que, um dia, foi a razão de ser
do Brasil, regularmente preenche as páginas policiais dos jornais.
Mata-se
e morre-se por um ódio estúpido, uma ignorância sem sentido, verdadeira
expressão da irracionalidade.
A
vida humana não tem preço nem reparação. A vida de um jovem, com todo o futuro pela
frente.
Ontem,
o meu Fluminense levou uma sonora - e merecida – sapatada do Grêmio. Mas mesmo
que sucedesse o contrário, eu não teria a menor condição de comemorar nada. A
morte do menino, num momento que deveria ser de diversão e alegria, é um luto
que jamais cerrará portas.
Frequento
arquibancadas desde os nove anos de idade. Fui criado vendo todos os jogos do
meu time e, em muitas ocasiões, simplesmente indo ao Maracanã ver jogos de
outros times pela alegria em acompanhar uma partida de futebol. Hoje, isso é
impossível.
Até
quando assistiremos a estas manifestações tão irracionais?
A
vida humana é o bem mais precioso. Está muito acima de qualquer partida de
futebol. Muito acima de qualquer coisa. O respeito à vida, ao próximo. Futebol
não é guerra: não sejamos imbecis.
Em
momentos como este, em assassinatos assim, causa-me uma enorme tristeza em ter
nascido humano. Melhor dizendo: vergonha.
Os
ditos animais irracionais têm instintos melhores.
Em memória de Kevin Douglas
Beltrán Espada, 14 anos, assassinado cruelmente ontem em Oruco, Bolívia.
@pauloandel
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