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Tuesday, March 22, 2011

AO QUARTETO NOVO


Ontem, perdido na mediocridade da televisão, esbarrei numa ilha de excelência: a SESC TV. Nela, mais um dos maravilhosos shows de música instrumental que só se pode ver por lá: uma apresentação de Theo de Barros, um dos mais completos músicos brasileiros da história. E, claro, onde tem o nome de Theo, não poderia faltar a menção ao Quarteto Novo.

Era originariamente não um quarteto, mas sim trio - o Trio Novo. Nasceu para acompanhar ninguém menos do que Geraldo Vandré, que fazia a terra tremer com sua música colossal e brasileiríssima em plena ditadura militar. Além de Theo, formavam o Trio os jovens Airto Moreira na percussão e Heraldo do Monte na viola. Tempos depois receberam um quarto integrante, jovem nordestino que já mostrava muita habilidade com piano e sanfona, mas que marcaria o grupo ao tocar flauta: ninguém menos do que Hermeto Pascoal, o maior músico que Miles Davis viu tocar. E, com essa formação musical que lembra no futebol o ataque da seleção brasileira tricampeã no México, o Quarteto Novo seguiu solo para um único disco, que levou seu nome e foi lançado em 1967, com oito extraordinárias faixas que poderiam soar como o melhor do jazz, mas que não eram "apenas" jazz - na verdade, a música instrumental brasileira levada ao Olimpo pela força da temática nordestina. É um disco que, ouvido 44 anos depois, ainda tira o fôlego dos apreciadores da boa música, tamanha a sofisticação e exuberância dos arranjos e sonoridades ali presentes. Um momento histórico e uno: jamais se repetiu. Antes da despedida, ainda fizeram parte da histórica vitória de "Ponteio", de Edu Lobo e Capinam, no Terceiro Festival de MPB.





Décadas depois, os integrantes do Quarteto Novo estão vivíssimos, hiperativos e com carreiras internacionais respeitadíssimas. Seu rol de fans, dentre os quais ardorosamente me incluo, bem mereciam uma apresentação ao vivo do disco de 1967, marco raro de um Brasil inquestionável e maravilhoso do ponto de vista artístico.


Paulo-Roberto Andel

2 comments:

Anonymous said...

Olá, amiGO,

Espero chegar a tempo de autografar meu exemplar...

Bjs e excelente lançamento!!

Pedro Du Bois said...

Pois é, Andel, de todos os discos da época, faltaram-me dois: o segundo do Sidney Miller - o com o Pois é, pra que) e o compacto (45 rpm) do Edu Lobo cantando poemas do Mário Quintana. E não tem maneira de encontrá-los. E pena estar tão longe: perco sempre o melhor. No caso, o lançamento do seu livro, como vi no comentário da Daiele. Abraços, Pedro.