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Monday, May 10, 2010

RUSH














(Foto: Luiz Alan)


consternado,
empenho os olhos
para assistir
ao desfile de uma grande
legião
a desfilar com garbo
numa avenida central
que se faz marco
permentente
da capital e seu parco
entendimento
do ser

não falo de pátria
desejo
perdão
não penso em torcida
platéia
procissão

[isso não vai dar repercussão]

nenhum rancor me tinge
denigre
ou me sequestra

quero apenas ver a legião:
são apenas ocupados
apressados
diluídos em chopes devassos
e tempo cronometrado -
apertados nas filas de espera;
querem ser modernos
com todo poder, sem pecado –
hot money, good for fun
e outros versos vulgares
que não me pertencem aqui

uma legião de estranhos
onde poucos percebem
a valia do outro
o sangue inestancável do outro
a dor que doeu noutro
descrente dessa terra

não façam de mim um julgador
um meritíssimo de nada
o que descrevo não tem verniz
de ódio:
o máximo que me permito agora
é parecer testemunha
sem importância
frente a uma legião de apressados:
se cabe algum humor,
está no breve fato
de que nunca os coletivos
foram tão apinhados
de solidão
individualismo
indiferença
alguém atende um celular
alguém recebe um sms:
pequenos resquícios
de vida humana

fora
enquanto não chega
a próxima
estação




paulorobertoandel10052010

4 comments:

Lau Milesi said...

Feelings nos "horários de pico" (rush)da vida em uma bela prosa.
Você é genial,Poeta !
Um beijo e meus parabéns!!!!

Paulo-Roberto Andel said...

Todo o agradecimento, darling. Pois, pois!

Jeferson Cardoso said...

Belo poema, somos sós em meio a muitos, em horário de pico.
bBoa semana.
Abraço do Jefhcardoso!
http://jefhcardoso.blogspot.com

Jeferson Cardoso said...

Paulo Roberto, quem fica grato sou eu, amigo. Agradeço por sua atenção e seu pronto apoio. Espero que goste da estada. Abração meu caro!

Jefhcardoso