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Thursday, November 23, 2006

Infeliz ano velho

Por agora, somos apenas nós dois
Eu e tu, nosso aguardado confronto
Tenho mais tempo, ao teu contrário
Não cabe a ti mais o velho poder
É tua vida que escorre feito areia
Duma ampulheta revirada na estante
Batalhas foram tuas, guerra é minha
Agistes como o pior dos carrascos
Dei-te esperança, dor foi meu troco
Pavor, morte, desilusão e lágrimas
Mas nada, nada rompe a eternidade
Lembre de minha mão a ti estendida
Agradecida com soco no estômago
Hoje, meu vômito é cada palavra
Enquanto respiras ofegante, difícil
Roubastes meu encanto d'alegria
Fostes silêncio em minha mansa voz
Porém, vida é sentença de mudança
Teus últimos momentos são duros
Enquanto deleito-me, redivivo em luz
A última porta aguarda-te com vigor
Quando saístes, bata com toda força
De modo que a maçaneta emperre só
Não me aniquilastes, foi tua derrota
O infinito te espera com sarcasmo são
E agora vejo o quanto eras fraqueza
Tua ilusão foi achar-me fraco, frágil
Dos escombros, renasço gigantesco
Teu lugar terá mais digna ocupação
Do novo ano, sou conselheiro e tutor
Humilhar-me e atingir-me cruelmente
Agora é muco em teu rosto no caixão


Paulo Roberto Andel, 23/11/2006

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