moro no brasil. tenho sorte de poder ir para o trabalho sem trânsito, sem horas sofridas e humilhantes em pé, sem ameaças de tiros e morte a granel. estou a caminho, contando que os clientes fortaleçam a causa. trabalho de bermudas e chinelão, ouço jazz e leio poemas malditos ou crônicas de futebol - e não deixa de ser engraçado que isso signifique fracasso para sujeitos que, aos 50 anos de vida, ainda são deslumbrados com ternos e, glup, "gente importante" (cafonice máxima)). Senhor! Meu luxo está em hambúrgueres, livros e discos. Nunca me preocupei com fortuna, poder e sucesso, nada disso. Onde estão as pessoas poderosas e bem sucedidas de 40 ou 50 anos atrás? Salvo uma ou outra, morreram anonimamente. Tudo é efêmero. O que importa é fazer o bem, ter poucos bons amigos e seguir pelo grande mistério de uma estrada que parece interminável mas que na verdade é finita. Considerar as pessoas, ser amigo de verdade, zelar pelo próximo, fazer algum esforço por um mundo melhor. O resto não conta muito. Explode uma veia, você está morto. Um passo em falso na esquina, bum! Morrem todas as mesquinharias e sedes de poder. Então o jeito é aproveitar fazendo coisas legais, sendo legal mesmo. Os traíras, por exemplo, parecem poderosos de dia, mas toda noite dão de cara com a própria degeneração e roem a própria dor. você pode enganar muito a todo mundo, mas não a si mesmo - e isso rasgará tua alma, acredite. Pule fora desse buraco a tempo, a vida não perdoa os escrotos.
angus