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Thursday, October 10, 2024

Gata negra

A felicidade de quem eu gosto também é a minha felicidade. Pode ser gigantesca ou ínfima, não importa: um naco de felicidade é um naco e pronto. Seja uma grande conquista ou um detalhe minúsculo, tanto faz. 

Tão estranho quanto aquele que não fortalece quem gosta é quem não tem a capacidade de elogiar nada. Todos somos capazes de fazer alguma coisa que cabe elogio. Todos. E pode ter certeza: quem não sabe elogiar acaba sendo infeliz também na hora de criticar, isso quando não revela facetas piores. 

No mínimo, causa desconfiança.

Antes eu achava que era só o jeito das pessoas, mas o tempo e a experiência só me confirmaram o básico: gente que não joga junto e não elogia carrega recalques, e poucas coisas são mais deprimentes do que a pessoa recalcada diante de qualquer êxito ou felicidade alheia, por menor que seja. Um tiquinho que seja. 

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É muito fácil distinguir um elogio sincero de uma bajulação barata. 

O bajulador dificilmente tem qualidades. No máximo, interesse pessoal. Uma ou outra mesquinharia. Chega a ser constrangedor para os olhares mais atentos. 

E o bajulado? Senhor.

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Desde pequeno, sempre fiquei impressionado e até atemorizado com o tamanho das grandes obras e coisas. Para mim, o armário de dois andares era gigante. Depois descobri que o prédio era gigantesco também. Que a praia de Copacabana era imensa. Por fim, a grandeza monumental do Maracanã. Tudo sempre me impressionou.

Hoje mesmo, passando pelo prédio da Nova Petrobras, tive a sensação de sempre: somos todos formiguinhas minúsculas diante de nossas próprias realizações. Qualquer bicho pequeno passaria com medo se os grandes prédios fossem bichos grandões, mas nós, seres humanos, passamos tranquilos - quero dizer, eu não. Sempre me sinto pequenininho, minúsculo que sou, mesmo que eu possa ter grande importância para algumas pessoas. Há quem chame isso de falta de personalidade, de confiança ou excesso de modéstia. Nada disso: é apenas um belo exercício de entendimento da nossa pequenez e fragilidade. Só. 

Depois de tantos anos, ainda me sinto pequenininho. O que mudou foi o passar dos anos e o aumento dos problemas, mas lá no fundo ainda somos os mesmos. Podemos evoluir e até piorar, o corpo envelhece, mas a essência é a mesma. 

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Na loteria da Marechal Floriano - ou seria Visconde de Inhaúma? - tem uma gata negra de arrepiar. 

Gata negra e jovem, gata e tricolor.

Se a gente ganhar no bolão, ela merece uma cota de prêmio. 

Gatona mesmo. E simpática. E educada. 

Muitas coisas boas num pacote só. 

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Falando em gata negra, eu acho graça de alguns colegas que sempre brincavam comigo, tudo por causa do meu pequeno sucesso com jovens mulheres negras. Isso vem desde os tempos da faculdade, há muito tempo portanto, já que tenho 30 anos de formado. 

O pequeno sucesso vem da adolescência até, na faculdade é que descobriram. 

O motivo, não sei. Talvez haja mais de um. É engraçado, de toda forma. Meu pequeno sucesso nunca teve limitação de cor, é bom que se diga. 

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Já são quase quatro da manhã. Eu acordo às três, perco o sono, escrevo para tentar dormir de novo e às vezes dá certo. É o que vou tentar de novo. 

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O que vai ser de mim quando eu crescer? 

@p.r.andel

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