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Tuesday, September 24, 2024

Minha amiga disse adeus

Adriana era minha amiga por aqui há vários anos. 

Sempre gentil e comentando o dia a dia. 

Assim como tanta gente, nos conhecemos por causa do Fluminense. Não me lembro como nem quando, mas certamente foi o Fluminense. Era nosso assunto comum. 

E assim foram muitas postagens, jogos, títulos, decepções, alegrias, porque o futebol é assim: apaixonante porque o fracasso de um domingo pode se transformar no êxtase da quarta-feira. Nenhum grande baque na vida a gente supera em três dias, exceto no futebol.

Tivemos uma amizade de vários anos, por muitas frases curtas e leveza. Era ótimo. O Fluminense era sempre o prato principal, mas havia música, livros e até política convencional. 

Sempre me deu força nos textos e, mesmo quando pensamos diferentes em algum ponto, sua elegância tornava o debate impossível. 

E então assim fomos amigos. Ela passava uma coisa boa pelo mundo virtual, quase sempre entupido do contrário. 

Tempos atrás, na pandemia, meu sebo quase quebrou. Fizemos uma vaquinha, muita gente contribuiu, ela depositou o valor mais expressivo. Tinha recompensas em troca, que ela não buscou. Queria só ajudar, como fazem as boas pessoas, cada vez mais raras nessa terra de ingratidão e descaso. E ajudou demais. 

Há pouquíssimos meses, falamos por aqui. De repente, me deparei com sua foto, o comunicado da doença e a fé na superação. Deixei uma mensagem de força e torci muito. Isso foi há sete semanas. Hoje me deu um estalo, fui ver seu perfil e me deparei com as mensagens de adeus e saudade. Minha mensagem havia sido de todo o coração, mas foi em vão. E a vida não é o futebol, infelizmente. 

Adriana foi minha amiga, um bem tão raro. De longe, ela foi mais amiga do que tanta gente perto, tanta gente que não cumpriu palavra, tanta gente que me deixou na mão. E agora ela foi embora, tão nova ainda. 

Ela foi feliz, teve um ótimo casamento e uma carreira de sucesso. Foi uma mulher simpática e educada. Maravilhosamente descobri que fomos contemporâneos da UERJ velha de guerra, ela no Direito e eu na Estatística. 

Adriana morreu jovem demais.

Demais.

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