carne crua, trêmula
ofegante
liquefeita
no mar das carícias
em mil predicados
e um desejo só
carne crua, vadia
namoradeira
instigada pelos gostos
ou os imaginários
deliciantes
carne do gozo
do tesão
um jato, uma lágrima
um coração de alfaia
retumbante
carne da provocação
um grito, um alívio
o impulso ao chão
II
carne crua, fria
morta
refém da terra má
estirada sem causar
apelo
aos indiferentes
carne vazada, invadida
estraçalhada
rumo ao inevitável
pedestal
da decomposição
- a carne é nada - é inquilina
do desconhecido
é a primeira página
III
carne ao lado
da carne
as duas estrangeiras
distantes no ofício
perdidas
enquanto os smartphones
vibram e as músicas
tocam
as carnes alheias entre si
são saltos e passos
nas próximas estações
@pauloandel
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