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Friday, May 13, 2016

negro

eu sou a cor do açoite/ do olhar de esguelha/ eu sou mão estendida e sorriso firme/ diante do desprezo da casa grande/ a cidade é egoísmo nas vitrines/ mas nada me abala/ eu sigo meu caminho numa ladeira/ com passos decididos/ sem moleza/ e se o outro não me vê/ o céu me abraça/ o amor me aconchega/ sou querido/ a praga não me ataca/ nem inveja/ eu sou a cor do açoite, meu orgulho/ o sangue que tem lágrima e cantoria/ abrindo o caminho com meus guias/ eu tenho a cor do amor/ a dor que vence/ amanhã é outro dia/ meu verso nasce/ e louva mais bondades/ do que eles veem/ porque já não conhecem amizade/ e vivem de aparência/ em plena guerra/ eu sou a cor do samba/ dos  atabaques/ eu sou a apoteose da cidade/ e me dá pena dos fascistas/ eu passo e acho graça/ meu mundo é livre e rico/ eu sou a cor da paz e acredito/ em gente abraçada sem racismo/ o porco fardado não vai me oprimir/ ao doutor engomado resta me engolir/ à vista ou em suaves prestações/ o sangue desta terra tem procissões da pátria negra/ recebe o afeto que se encerra na pele firme/ áfrica mãe de lua cheia

@pauloandel

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