essa dor que nos consome e atormenta diante das grandes corporações urbanas
tem que fazer acontecer um caminho, uma alegria, uma razão de vida
uma pequena chama de paixão acesa a se traduzir em cor
essa dor das favelas debaixo das marquises concretas antes que o gás nos exploda
as crianças mendigas vivendo morte após morte a céu aberto
as gentes batendo cabeça nas calçadas abarrotadas de trabalho:
- a hora do rush – a fila do banco – as compras para entorpecer a sensação de vazio
vamos tirar a felicidade do vente a fórceps, oh pátria amada!
somos os maiores do mundo se as verdades forem varridas para debaixo do tapete
os mais machos, corajosos, vencedores, famosos e cobiçados – ah, dor!
vamos esquecer as mágoas numa mesa de bar – ou num banheiro proibido
- nem pensar no mundo lá fora, senão enlouquecemos
essa dor que faz a roda do mundo girar, não podemos parar, não devemos pensar
quem aqui vai ter coragem de mudar seu próprio destino?
deixemos as melhores canções para os artistas malditos, sem sucesso, desprestigiados
porque ninguém os entende
e torçamos para a miséria ser pequena quando o carro parar no próximo sinal
- eu quero o ventre livre já no próximo feriado! - a canção de liberdade precisa ecoar quando vier um novo feriado! - a vida é um cheque pré-datado
para sérgio sampaio
@pauloandel
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