Translate

Thursday, February 22, 2007

Idas e vindas

Eu, que sempre acreditei nas coisas que perdiam-se para todo sempre, tenho enganado-me

Uma foto, um objeto, a lembrança de uma velha frase ou do mais empolgante dos beijos

Quando menos se espera, as coisas e pessoas voltam-me do quase nada, implacavelmente

E, quando chegam, encantam-me feito jamais estivessem ausentes de minha companhia

Certa vez, um inimigo contemporâneo alertou-me de que o mundo dá muitas e muitas voltas

Raras vezes na vida, alguém pareceu-me tão sóbrio, sagaz e pertinente em seus dizeres

Eu, que tolo fui, acreditava nas coisas perdidas para a eternidade, vagas nos limbos, perdidas

E agora, percebo que nem a morte é capaz de abalar a posteridade do amor, do carinho, da paz

Perdi meus mais queridos, que fazem morada agora no amargurado peito que carrego só

Em agradecimento, eles enviaram outros de algum jeito, perdidos que reencontrei na trilha

Eu, que tenho vivido com tanto amargor em minha sutileza, perdido na tristeza, recolhido

Estou desconfiado de que existe algo escondido na misteriosa essência da vida humana, terra

Longe de mim ousar descrever, acreditar, rezar, chorar para tentar decifrar tal segredo

Resta-me viver, bem fazer, sonhar e esperar por novos dias, reencontros, aqui ou ao longe



Paulo Roberto Andel, 22/02/2007

No comments: