Oh, são quatro horas da manhã e quase ninguém se importa. Quem pode, dorme. Quem não pode, sofre ou reflete.
Daqui do alto são quilômetros e quilômetros de silêncio, longe de significarem paz - há muitos perigos de morte, mas mesmo assim parece que, de longe, tudo está sereno.
Já é tarde e as travestis da Augusto Severo bateram em retirada, exceto uma ou outra conjugando a sede do sexo e a fome do estômago.
Metros dali, a cidade ainda tem seu rastilho de sangue e morte. Na Beira-Mar, bandidos espancaram um garoto que morreu ontem. Foi difícil ver o sofrimento de sua mãe e a jovem irmã na TV. Mataram o garoto por causa de um celular, geralmente revendido por cem reais.
Em vários pontos no coração da cidade a miséria prevalece. São muitas e muitas marquises cheias de gente sofrendo. Tirando abnegados admiráveis, a maioria nem liga. Esta não é uma cidade de solidariedade, pois.
Onde estará dormindo minha garota preferida?
Que fim levaram meus ex-amigos, depois que descobri que não passavam de colegas? Existe confusão.
Calmo, eu nem pareço alguém que tem um míssil apontado para a própria cabeça, prestes à explosão. Sem nenhuma ambição além de sobreviver mais algum tempo, só queria uma casinha, uma TV, geladeira, ventilador e celular. Uma cama e um pouco de paz.
Um calor dos infernos. Senhor!
Ventilador. daqui, maravilhoso, me alivia e lembra uma turbina de avião. Bons tempos.
O efeito do calmante e do Renitec começa a dar onda. Vamos derrotar a insônia. Vamo lá. Vàmonos.
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