I
unidos desapareceremos
II
eu e meus eus/ meus paradigmas exacerbados e conflituosos/ eu mais eu/ eu e meus múltiplos de coisa alguma/ eu vezes três vezes zero/ conjunto unitário/ mais um monte de ideias a flutuar/ por ruas incertas, bares vazios e nenhuma solidão/ eu e meu down-by-law/ karmas questionáveis e uma pureza impossível de se alcançar/ eu e meus desejos/ perdidos, obstruídos, inacessíveis/ debaixo deste sol que range e comove/ eu e meu carnaval ao fim/ nenhuma porta-bandeira me homenageia/ o céu não tem fronteiras quando um café me espera/ minha morena se aproxima/ mas sou covarde demais para me apaixonar outra vez/ eu e minha incerteza/ eu e a profunda lucidez.
III
lucidez é perceber
que as pequenas
loucuras
são fascinante
oxigênio
ao que diz respeito
sobre tempos
modernos
IV
lá fora
o verão incendeia
o que sabemos
ser ano-novo:
onde moram
meus janeiros?
V
aquela carne
admirável
agora dorme
noutra
pradaria
e sou fera
envelhecida
estupefata
frente ao que
restou
da minha
coragem.
VI
quero ser trezentos
e quinhentos e quinhões
até voltar um dia
a respirar
feito dez-contos
de réis
VII
vende-se contos e sonhos:
favor tirar ficha no caixa
e abrir qualquer livro
com prazer divino.
pauloroberto andel25022012