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Tuesday, May 28, 2019

vezes

quantas e quantas vezes os lordes
brindaram felizes enquanto os
miseráveis choraram bem à frente
das tabernas, sem rumo ou futuro?
a indiferença venceu a humanidade
desfilaram as hordas de soldados corporativos com suas vestes sóbrias
de matizes discretas e comprimentos

[e desejos reprimidos

[há melancolia nos peitos nus

a paz está guardada debaixo dos escombros da grande guerra suja
onde poucos têm direito a viver
e a solidariedade é uma fantasia

olhar para o céu de tijolos e entender
que o fim se avizinha tão lentamente
em pequenos tragos e tristezas vãs
em mesas com garrafas vazias 
e corredores vazios abraçando vitrines
de um mundo que poucos conhecem

quem vai cantar uma canção de alívio?

a morte é o exílio da felicidade! 

as pessoas brincam de se divertir e fotografam o que se vê ao longe
esperando um porto seguro à toa: 
ele não existe, o conforto não existe

nossos comerciais, por favor

@pauloandel

Sunday, May 26, 2019

manhã de domingos

parece que não está frio nem quente, o verão ainda ameaça em maio mas timidamente. talvez as ruas estejam vazias. em casa tem silêncio e alguma melancolia: o rádio que não toca, as conversas emudecidas, até às pequenas brigas. a televisão mostra filmes reflexivos em curta metragem.

não tem ninguém na sala, no outro quarto, na cozinha, ao lado. pela fresta da cortina percebe-se a réstia de sol que não chega a empolgar.

não tem jornais, revistas, presunto fininho, ovos mexidos e sequer a esperança de jogar futebol com bolinha de isopor em frente de casa.

é o domingo, o silêncio, a tristeza pela distância infinita, o fim mais perto do que o começo, tudo alinhado a uma esperança que sequer se justifica, mas que ajuda a escrever o livro dos dias.