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Friday, August 31, 2007

IMPRESSÕES - 31/08/2007

PROBLEMAS
Leona Helmsley era multimilionária e, como todos os de sua estirpe, morreu sem ter usado boa parte do capital que acumulou durante sua vida. Não entrarei no mérito de sua fortuna, mas vale ressaltar que a mesma adveio do casamento com o magnata Harry Helmsley - e juntos, conduziram um império imobiliário na América que, dentre outros itens, fazia constar em sua lista de posses a administração do Empire State, veterano prédio mais do que conhecido. O ricaço morreu em 1972, dona Leona tocou o barco zilhardário.
A mídia impressa americana concedeu-lhe o título de "rainha da maldade". Mau sinal.
Semana passada, Leona partiu. Setenta e muitos anos, talvez fosse a hora, talvez não.
Deixou testamento. Trinta milhões de dólares na conta, mais ou menos o que a Mega-Sena poderá pagar a um felizardo (a) amanhã, que, se sobreviver ao infarto da notícia ótima, terá uma vida de rei (ou rainha) - a não ser que faça como o fulano da tal cabeleireira que era prostituta, assassinado em sua cadeira de rodas no bar perto do sítio. Quem se lembra?
Doze milhões de dólares ficaram ao cargo de Troble, seu pequenino cão maltês branco - e juro que o nome não significa nenhum trocadilho. Ainda.
Dez pratas para o irmão, Alvin. Cinco pratas para dois netos, David e Walter. Três milhões reservados para o túmulo de Trouble, que assim poderá ficar ao lado da amada dona em seu mausoléu tempos depois do último bife.
Outros dois netos, Craig e Meegan, por razões "por eles conhecidas", ficaram nus com a mão no bolso. Zerinho, como diria o inesquecível Jorge Curi.
Troble nem sabe, mas está diante de um problema. E, com sua fortuna, não tem autonomia para contratar seguranças, posar em revistas de celebridades ou mesmo torrar tudo em drogas. Menos ainda, tornar-se o "Rei Canino da Maldade".

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É a livre iniciativa, a falsa libertade econômica. Afinal, todos podem tudo - desde que tenham grana. Quem não tem, vive a também falsa realidade empregatícia - ou morre de fome.
É razoável que Craig e Meegan sejam osso duro, sem trocadilhos nem problemas. Ou então, apenas vítimas da perversa Rainha da Maldade. Não deve ser fácil ficar de fora dum tutu desses; se foi por maldade, então, caso de excelência plena. Para o lado ruim.
Quanto a Trouble, minhas sinceras considerações. Espero que seja um cão feliz.
E que jamais seja capaz de entender que mundo é esse no qual vive, onde uma mulher deixa de herança doze milhões de dólares para um cão maltês.
As pessoas riem, acham graça. Do mesmo jeito que riem quando se fala em atenuar a miséria das gentes em locais como o Brasil, por exemplo. Programas como o "Bolsa-Família" podem ser interpretados como mero assistencialismo, é natural - claro, de quem não sente fome e, em seguida, priva-se de comer por falta de dinheiro. Tenho certeza de que há erros. Certeza. E famintos, também.
Saber que menos gente morre de fome no Brasil é uma fagulha de esperança, pequenina e talvez vã.
Esperança, já não tenho é num mundo cujos dinheiros são acumulados como o da Sra. Leona Helmsley. O mundo da livre iniciativa.
Americanos também morrem de fome, vide Nova Orleans.
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Foram embora quase quarenta dias depois do trágico acidente da TAM, em São Paulo, que vitimou ao menos duzentas pessoas. Já se falou de tudo a respeito. Ainda é preciso averiguar e analisar para que se possa estabelecer culpas; contudo, até agora, os únicos a gozarem de isenção - merecida, pois - foram piloto e co-piloto da máquina de voar. Isentos porque, ao que parece surgir no horizonte, o show de trapalhadas entre os responsáveis pela aviação brasileira tem forte correlação com o genocídio anunciado.
Fala-se pouco do assunto. Não é mais manchete que chame atenção para angariar receitas de vulto. De toda forma, durou bastante. Era preciso, sabe-se.
Ontem, outra tragédia anunciada aconteceu. Morreu menos gente do que em São Paulo, bem menos. Mas morte não é mero algarismo, número que se risca. Basta perguntar aos parentes dos mortos em qualquer ocasião.
Bateram dois trens, em Japeri, quase o fim da linha. Terra de humildes, pobres. Nada de malas e bolsas, apenas sacolas de mão, uma ou utra mochila e muitas carteiras sem moedas.
O noticiário chamou-me a atenção: foi intenso, de momento, mas escasseando no passar das horas. Dá a impressão falsa que os mortos de Japeri são "menos importantes" do que os de Congonhas.
Curiosamente, ontem era dia de manchetes sobre a possível construção de um trem-bala ligando Rio de Janeiro a São Paulo, percurso de uma hora.
A malha ferroviária brasileira segue à míngua, mesmo com privatizações.
No Rio, certas estações nem cobram passagens, pois traficantes as dominam livremente.
A situação dos trilhos é caótica.
Alguém disse na tevê, e bem ouvi, que o trem, "meio de transporte mais seguro", provocava medo em usuários.
Trem? Não era o avião?
Bem que eu sempre desconfiei desse negócio de estatísticas.
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"Cansei!", o movimento de pessoas cansadas e ávidas pela mudança geral do Governo Federal, ainda não se pronunciou sobre os mortos de Japeri.
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31/08/2007

Wednesday, August 29, 2007

Pim-pá-pum

era um traque mequetrefe, somente
do tipo pim-pá-pum
pum-pá-pum
parará-tim-bum-bum
e parecia tourada em Madrid

Paulo-Roberto Andel, 29/07/2007

Tuesday, August 28, 2007

Dark side Copacabana

quando todos preferem
o azul celestial de Copacabana
sucede-me querer o contrário

sei da terra ser linda em todos os dias ensolarados,
mas também enxergo beleza noutros caminhos

meu caminho é o da noite
a longa noite, sem ledo engano
a noite firme, de mar em pranto
banhado pelo espelho negro

há noite, sempre noite
onde areia da praia é poeira de estrelas,
é o mar da tranquilidade
enquanto a mocidade troca dedos de prosa
aos pés das traves
e a ganja ligeira repousa ao sabor do vento
vão-se os meninos da cola ao longe
os homens de negócios, homens transformados
garotas imersas em árdua vida
e a fidelidade canina ao largo, ao tempo

todos querem Copacabana cintilante,
falso brilhante

respeito toda a beleza do celeste
mas o meu real interesse, o importante
é pelos velhos retratos em branco e preto
o preto profundo em mistério incandescente

eu quero o preto da noite,
a longa noite, o longo preto da noite
que me sirva de contraprova
à toda felicidade que ainda não vi

paulo-roberto andel, 28/08/2007

O sonho em grãos

o sonho não é somente para sonhar,
mas também para ser vivido
mesmo que somente no abstrato

o sonho é também para ser desejado,
cobiçado, jardim de conforto
feito os seios da mulher amada

o sonho é a vida na mesa do bar
enquanto escorre a conversa boa,
verdadeira e rara por entre os hojes

o sonho é casa de elfos e poetas,
de cítaras doces entre os timbaus,
de vivas vozes em canto audaz

ele, o sonho, faz do caos a paz
nele, dois são sós, céus têm fim
na farta aquarela do Algarve,
de Amsterdã e também Niterói

ele é águia dos asfalto, rasante,
voando rente às nossas cabeças,
flanando pela cidade gigante
roçando ventos do Atlântico Sul

o sonho é beijo, é cansaço
é dor de amor e pena, cativo

ele é matriz na matemática
com seus espelhos, inversões

o sonho descansa de si mesmo,
enquanto cansa de mim, e dorme,
dorme o sonho dos quase justos

morrer, de fato, o sonho não morre

apenas desfaz-se, amolecido
tal como rosa d'areia no vento
desfolha-se em grãos

em

vão

paulo-roberto andel, 28/08/2007

Thursday, August 23, 2007

O talho

por um momento
deparei-me com um talho na flor

dele, vinha incerto jorro
feito o de uma veia aberta
sangrenta

fosse chuva, era a cântaros

fosse tráfego, inevitável rush

por um momento
saltava a meus olhos um naco de cor
verdejante
esmeraldina bandeira

tomava-me de assalto tal qual
bandido fugaz

quando estendi a mão
para deliciar a flor

deparei-me com a fantasia
a perda
o vazio do nada

o nada do talho, o nada de flor

tudo mera ilusão
imaginário desejo
que, por vezes, vale a pena


vale a vida


paulo-roberto andel, 23/08/2007

Wednesday, August 22, 2007

O comodismo conveniente e a farsa da indignação

Amigos, as tardes voam breves e, em muitas semanas deste ano terrível, fomos testemunhas, cada um a seu modo particular, das mazelas do mundo, muitos mundos, o mundo Brasil também. Aos poucos, fomos nos deparando com queima de gentes, estupros, mortes banais, pilhagem aos cofres do Estado e também aos particulares, justamente os dos mais pobres - estes, fonte pagadora de dívidas seculares e desafiadoras dos mais firmes preceitos da infinitude matemática.
Dia desses, surpreendi-me com o chamado "Cansei", um movimento que, conforme pode ler-se no afirmativo, é de pessoas cansadas. Há momentos em que o Brasil parece ter oferecido tudo o que de mais surpreendente possa ser em termos negativos, até que vem uma escala maior de negatividade e bagunça tudo.
Naturalmente, reconheço que é saudável para a democracia qualquer movimentação nas ruas, desde que provida de ordem, respeito e fundamentos de natureza pública. Contudo, desconfio claramente do "Cansei".
Tenho minhas razões.
A primeira delas é que o suposto movimento demonstrou excesso de cansaço, ou melhor, descanso - esteve nas ruas pela última vez em 1964, o ano maldito, o ano em que começamos a perder 50 anos em 5, "Marcha com Deus pela Família e Liberdade". Depois daquilo, pareceram, os cansados, deitar eternamente em berço esplêndido e viveram felizes num mar de democracia e justiça social por quatro décadas e três anos. Quem se declara cansado depois de tamanho intervalo de tempo provoca suspeitas.
Outra razão é desconfiar da turma que posou no pantheon da liderança cansada: Regina Duarte (excelente atriz, com passado distante de causas políticas bastante interessantes, mas atuamente mais ligada à cúpula do neoliberal PSDB); Hebe Camargo (defensora, declarada fraterna e eterna amiga de Paulo Salim Maluf - síntese perfeita); Ana Maria Braga e Ivete Sangalo (quem?). Pessoa jurídica, a Daslu (abrigo profissional da filha do governador paulista, empresa envolvida publicamente com sonegação de impostos e complicações legais de comercialização). Como cereja do bolo, o presidente da Phillips, famosa multinacional que há décadas lucra nesta terra com o suor de brasileiros, alguns nortestinos e piauienses também, afirmando que "se o Piauí deixar de existir, ninguém teria falta" - na apoteose dos anos 30, um sujeito com discurso semelhante de exclusão varreu a paz e semeou a morte pelo mundo: Adolf Hitler.
Foram para as ruas, mil pessoas? Cinco mil? Não se sabe. Na melhor hipótese, cinco, trata-se de um número magnífico para a classe que representam. Vinte mil famílias, ou cerca de cem mil pessoas, são donatárias de 74% dos títulos da dívida pública brasileira. Não é irreal afirmar então que cinco por cento da elite econômica brasileira movimentou-se pelos arredores da Avenida Paulista. Imagens televisivas flagraram transeuntes vestidos com camisas cansadas, xingando Lula, o presidente, de "ladrão" e "vagabundo". Neste momento, percebi que, apesar da ditadura disfarçada que vivemos pela opressão da distribuição de renda, há democracia: lembrei-me de certo embate, há dez anos atrás, que o presidente FHC travou contra um estudante secundarista no programa de Sergio Groisman, chamando o garoto de "ignorante" e "que não sabia de nada". Não houve um palavrão, nada - tratou-se apenas do então presidente, acostumado ao poder e às benesses que sempre desfrutou, na condição de descendente de tradicional família ligada ao generalato brasileiro, irritar-se com questionamento comum. Imaginou que, por ser presidente à época, deveria encontrar adolescentes cabisbaixos pedindo-lhe bênção. É curioso imaginar o que faria se estivesse no lugar de Lula, tola elocubração minha porque isso jamais aconteceria: a turma cansada gosta de FHC. E o inverso talvez justifique o ato: simplesmente não gostam de Lula. Incômodo com suspeitas de desvios públicos, nunca tinham apresentado até então, ao menos durante o período de descanso - basta verificar as contas nacionais entre 1964 e 2007, para saber que, se cansados da "vagabundagem" do governo, poderiam ter pisado antes nas calçadas da Wall Street brasileira.
Votei em Lula, mais de uma vez. Fui eleitor de Leonel Brizola por muitos anos, e ainda sou adepto da causa trabalhista fincada com os pilares dele, Brizola, mais Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer, o que me dá respaldo para questionar vários posicionamentos do PT. O Brasil que vejo nas ruas é muito distante de tudo o que sonhei quando era criança. Há falhas, problemas e o mal-estar do chamado "mensalão" (que se, comprovado, levará a caminhos tortuosos muito anteriores à posse de Lula) incomoda qualquer cidadão de bem. Sabemos que este é um pais em busca ainda de longa construção, a longa noite. Mazelas, aquelas lá de cima, não nos faltam.
Agora, o que esse Brasil "cansado" tem a me dizer? Viemos de 1.500, falam como se a república fosse datada de 2003.
Para os que enxergam a causa social com obtusa miopia, basta "pagar impostos" e tudo está resolvido: o Estado e a sociedade devem servir aos neo-feudalistas como serviçais. "Pago, portanto exijo". Neste momento, afastam-se do amor ao próximo; das religiões que, vez ou outra, defendem enfaticamente; da vida real, nas ruas, que não depende somente de compras sofisticadas ou ingressos VIP para aplaudir a melhor cantora de axé do país - seja lá o que possa significar isso.
A verdade é que, a passos curtíssimos, para alguns milhões de brasileiros, a tortura de sobreviver diminuiu. Que seja um fiapo, mas aconteceu. Reitero que há muitos erros, e que bons e pequenos passos não devem servir de justificativa para assalto aos cofres públicos. Contudo, o fato é que, para muita gente (em cujo grupo não me incluo como beneficiário) o Brasil ficou menos ruim.
Eu imaginava ouvir coisas da tal passeata como "Baixe os juros!" ou "Analise a questão das células-tronco!". Nada. Era "Vagabundo!", "Safado!", "Pilantra!", "Fora, Lula!". Desnecessário e baixo. Não me pareceram indignados com um "paraíba", expressão antiga que, em São Paulo, equivale a "baiano" - afinal, já tivemos o maranhense-amapaense (e "imortal"...) José Sarney como presidente. Um dos mais influentes políticos brasileiros dos últmos cinquenta anos (com tudo o que de ruim que isso possa significar) foi o notório ACM. Pronto, dois filhos da terra nordestina. Apesar de que.... não advieram da parte mais baixa da pirâmide social - e as reações destemperadas talvez possam ser justificadas por isso.
Não votaria em Lula para um hipotético terceiro mandato, se vislumbrasse alternativas razoáveis para a governabilidade brasileira. Tenho dúvidas sobre os candidatos que venham a se apresentar.
Estou certamente triste com muitos acontecimentos deste governo. O Sivam, o escândalo da reeleição de 1998, a decuplicação da dívida pública que tanto interessa a cem mil pessoas dentre os cento e noventa milhões de brasileiros, o impeachment, tudo isso também trouxe-me cargas de mágoa no passado. Estranha-me que não se comente sobre isso em nenhum lugar.
Contudo, não posso fazer papel de bobo ao acreditar na balela de que a classe mais privilegiada do Brasil, desde sempre, tem algum interesse em impichar o presidente para fazer algo de realmente positivo para toda a sociedade, sem olhar para o próprio umbigo. Tiveram a faca, o queijo, a goiabada, a colher e o suco de caju nas mãos. Nunca usaram sequer o guardanapo.
Negar os erros de qualquer governo não deveria implicar em aliar-se com a escória moral do país para qual causa fosse.
Somos uma nação plenejada para a desinformação, a docilidade em afagar os afortunados tal como os índígenas faziam com os exploradores portugueses. Tudo foi tramado para isso. Tudo foi planejado para que o stablishment jamais fosse ameaçado. Hoje, muito sofremos por causa desta herança maldita.
Se vivemos hoje uma situação perversa, é claro que a classe política tem toda culpa. Mas não é a única.
Partes da sociedade brasileira vêem com bons olhos a ignorância popular, associadas ao comodismo conveniente e às farsas de indignação, por vezes reveladas pelos "cansados".
Eu estou cansado é de gente sem coração, que sonega, não gera empregos quando pode e prefere ganhar com a especulação, não distribui renda quando lhe cabe, que não impede a livre circulação do tráfico porque tem a lucrar com isso. Lucrar, lucrar ao máximo com investimento mínimo. Livre iniciativa, desde que tenham as rédeas da situação - competição, jamais.
O Piauí é mais importante para mim do que Miami ou Manhattan.
E, sinceramente, fico orgulhoso quando leio declarações de Chico Buarque e Oscar Niemeyer, e constato que muito o que eu comentei acima tem a ver com o ideário admirável deles.
Paulo-Roberto Andel, 22/08/2007

O poeta de ferro

o poeta não falha
o poeta não dorme
e sequer se arrepende

não tomem o ledo engano
da aparente mudez
é nas palavras escritas
que o poeta vive e suspira
alimentando desejos
o poeta atravessa as nuvens
e as travessas de calçada
com asas de frases
e ases de quatro naipes

ninguém é de ferro, exceto o poeta
que flana tranquilo
de costas à brisa
e doce desdém ao Atlântico
leve indisciplina
contra o mar da Guanabara
dá de ombros, infalível
espera o vir da vida à frente
o poeta não cala, nem dança
pois ali, ao certo léu
ele faz-se a própria música
o próprio sopro de vida
que chamamos poesia

o poeta não falha, nem dorme
o poeta não morre
faz-se vivo e rijo
feito os ferros de seu corpo
seu sangue
sua imagem que jamais se desfaz

Paulo-Roberto Andel, 20/08/2007

(homenagem aos 20 anos da passagem de Carlos Drummond de Andrade)

Atado

ate-me a teu corpo
com a mais forte das cordas
que faça sulco nos seios
e aperte de ancorar
oxalá

marque-me em teu peito
feito cor de nova tatuagem
duradoura, fascinante
fazendo bodas na pele
oxalá

beba de meu encanto
calor d'ardente dezembro
que ferve com todo gás
todo fogo, desejo e gosto
amém


paulo-roberto andel, 20/08/2007

Wednesday, August 01, 2007

Dos ojos en la ciudad

Dos ojos en la ciudad
apuntan intento su sonrisa y su color,
en ellas, se zambulle y percibe
el escarlata uno de su boca
entre un momento allí y otra de sus palabras
hay, el mundo sonríe y grita
los pasos de la gente aquí precipitados
en el lado del mar

Una coca nueva es bastante a mí
y la mina de los ojos en ciudad
está mirando la suya mejor sonrisa
la mejor boca del escarlata
dos ojos son los míos, solamentee busca su sonrisa
me da su escarlata uno
haga de mi amanecer que el sol que fija
perpetuo recomienza


Paulo-Roberto Andel, 16/07/2007